Guillermo Fariñas recebe seu Prêmio Sakharov em 3 de julho de 2013 (Frederick Florin/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2014 às 12h41.
Havana - O dissidente cubano Guillermo Fariñas, prêmio Sakharov 2010 do Parlamento Europeu, denunciou neste domingo que está sob prisão domiciliar há três dias para impedir sua participação em um fórum opositor paralelo à cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac), em Havana.
"Hoje (domingo) é o terceiro dia que não me deixar sair. Tem uma operação policial que de dia se afasta uma quadra de minha casa, mas, de noite, se coloca diante dela", declarou Fariñas à AFP falando por telefone em Santa Clara, leste de Havana.
Fariñas, um psicólogo de 52 anos que protagonizou 28 greves de fome para protestar, planejava participar em um fórum democrático sobre relações internacionais e direitos humanos que os opositores cubanos pretendem realizar na terça-feira, em Havana, em paralelo à cúpula da Celac.
Na véspera, um ativista da oposição denunciou que o dissidente cubano e ex-preso político José Daniel Ferrer foi preso na sexta-feira depois de reunir-se com diplomatas europeus em Havana e que seu paradeiro continua desconhecido.
A prisão de Ferrer, que encabeçou em Santiago de Cuba a chamada União Patriótica de Cuba, foi informada por Elizardo Sánchez, líder da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, uma entidade ilegal, mas tolerada pelo governo da ilha.
"Trata-se de uma prisão arbitrária", afirmou Sánchez, acrescentando que o governo cubano está realizando prisões preventivas para evitar complicações durante a cúpula da Celac.
Ferrer anunciou na quarta-feira sua intenção de participar no fórum de ativistas opositores paralelo à cúpula da Celac.
Em Cuba, toda oposição é ilegal e o governo considera os dissidentes "mercenários" a serviço dos Estados Unidos.
Ferrer foi um dos 75 opositores detidos na chamada "Primavera Negra" de 2003 e condenado a longas penas de prisão.
Os últimos deste grupo que continuavam presos foram libertados em 2011 depois de uma mediação da Igreja católica.
Nos últimos anos, os opositores detidos em Cuba foram libertados horas depois.