Discoteca gay reabre no Peru como supermercado por causa da pandemia (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 1 de julho de 2020 às 11h35.
Última atualização em 1 de julho de 2020 às 14h41.
Uma famosa boate gay na capital peruana, Lima, reabriu suas portas nesta terça-feira (30), após mais de 100 dias sem atividades, agora transformada em um pequeno supermercado administrado por 'drag queens'.
"Estamos abrindo as portas com grande entusiasmo. Para nós, foi um grande desafio, foi uma jornada difícil, mas conseguimos", disse Claudia Achuy, gerente da boate "Valetodo Downtown", localizada no distrito turístico de Miraflores, no sul da capital peruana.
O novíssimo "Downtown Market" tem como funcionárias transformistas com perucas rosa e loiras. Onde antes ficava a pista de dança, agora existem prateleiras com comidas, bebidas e verduras, e um disc jockey que toca as músicas que os clientes pedem enquanto fazem compras.
Os garçons e gerentes do bar foram convertidos em caixas do supermercado, que mantêm suas tradicionais cores preto e vermelho e com as recepcionistas, que usam máscaras ao recepcionar os clientes.
Após a autorização do Ministério da Saúde, as instalações puderam reabrir após mais de 100 dias de fechamento por causa da quarentena obrigatória no país, devido à pandemia de coronavírus.
No entanto, a reabertura não se deu com um grande show ou a música alta que antes agradava seus clientes. O enorme local, que conta com dois andares, era frequentado não apenas por membros da comunidade LGBT, mas também por turistas.
"Esperamos que este novo empreendimento dê certo", disse Achuy a repórteres que participaram da inauguração.
Ele contou que a iniciativa foi tomada para impedir que seus 120 funcionários ficassem desempregados, em um país com a economia paralisada por causa do longo período de confinamento e no qual quase dois milhões perderam o emprego.
Como forma de prevenção, o supermercado possui um sistema de desinfecção automatizado para que pessoas e alimentos estejam livres do coronavírus, segundo Achuy.
Por causa da pandemia, no Peru estão autorizadas somente reuniões e festas em casa e com familiares.
Com 33 milhões de habitantes, o Peru é o segundo país na América Latina com o maior número de casos da COVID-19 (282.365) depois do Brasil, e o terceiro em mortes (9.504), atrás do Brasil e México.
Há anos, a população LGBTQI+ sofre preconceito no país, mas nos últimos anos tem obtido mais espaço na sociedade.
Agora, provocar ou ridicularizar membros dessa comunidade, que no Peru é estimada em 1,7 milhão de pessoas, em locais públicos é punido por lei. Eles ainda sofrem bastante preconceito e discriminação, de acordo com uma pesquisa recente da empresa Ipsos, a pedido do Ministério da Justiça.