Populares e forças de segurança se reúnem em frente a um prédio destruído em um ataque israelense em Damasco, 20 de janeiro de 2024 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 20 de janeiro de 2024 às 14h06.
Última atualização em 20 de janeiro de 2024 às 14h08.
Israel matou, neste sábado (20), em Damasco, dois dirigentes dos Guardiões da Revolução iranianos e outros dois membros desta força, segundo a imprensa de Teerã, em um ataque que destruiu um prédio residencial de vários andares.
A agência iraniana Mehr reportou que morreram no ataque o chefe de inteligência para a Síria dos Guardiões da Revolução iranianos, seu adjunto "e outros dois membros desta força". A agência atribuiu o ataque a Israel.
Os Guardiões da Revolução, exército ideológico de Teerã, confirmaram, em um comunicado, que quatro de seus membros morreram no ataque na capital síria, mas sem revelar suas funções, e também acusaram Israel de ter realizado o bombardeio.
Em Israel, o exército informou à AFP que "não comenta informações de meios de comunicação estrangeiros".
O prédio, situado no bairro de Mazzeh, ficou destruído e foi isolado, constatou um jornalista da AFP. Os socorristas buscavam sobreviventes entre os escombros.
"Um ataque israelense com míssil atingiu um edifício de quatro andares e matou cinco pessoas", reportou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ressaltando que o bombardeio "destruiu o prédio inteiro, onde estavam reunidos líderes pró-iranianos".
A imprensa oficial síria também repercutiu o ataque e responsabilizou Israel, sem dar mais detalhes.
O regime sírio faz parte, juntamente com o Irã, o movimento palestino Hamas, o libanês Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen, do chamado "eixo da resistência", que tem Israel como inimigo regional.
Segundo o OSDH, ONG com sede no Reino Unido e ampla rede de informantes na Síria, o bairro de Mazzeh é conhecido por abrigar facções palestinas pró-iranianas e comandos dos Guardiões da Revolução iranianos.
"É certo que visavam altos comandos" destes grupos, disse o presidente do Observatório, Rami Abdel Rahman.
O bairro de Mazzeh também abriga escritórios das Nações Unidas, embaixadas e restaurantes.
"O barulho foi similar ao da explosão de um míssil e, minutos depois, ouvi as ambulâncias", disse à AFP um morador da região.
Desde que começou a guerra civil da Síria, em 2011, Israel lançou centenas de ataques aéreos contra seu território, dirigidos especialmente a forças alinhadas com o Irã, seu rival regional, mas também a posições do exército de Damasco.
Nos últimos meses têm havido ataques israelenses também nos aeroportos de Damasco e Aleppo, no norte da Síria.
A maioria dos ataques "visa provavelmente a perturbar as entregas de armas iranianas ao Hezbollah e aos grupos alinhados com o Irã na Síria", explicou Aron Lund, analista do centro de reflexão Century International.
Israel acredita que estão sendo entregues armas sofisticadas, incluindo componentes de mísseis balísticos e de drones, "tanto por via terrestre, a partir do Iraque" quanto "por via aérea, rumo aos aeroportos" sírios, acrescentou este analista.
Este tipo de ataques se intensificaram desde que teve início a guerra entre Israel e Hamas, em 7 de outubro, a partir do ataque surpresa do movimento islamista palestino em solo israelense.
Em dezembro, um alto comando dos Guardiões da Revolução iranianos, o general de brigada Razi Musavi, morreu em um ataque aéreo israelense na Síria, segundo Teerã.
De acordo com o Irã, Musavi era "o responsável logístico" na Síria do "exito da resistência".
No vizinho Líbano, o número dois do Hamas, Saleh al Aruri, morreu no começo do mês em um ataque israelense no sul de Beirute, reduto do Hezbollah, outro movimento pró-iraniano da região.