O presidente interino do Egito, Adly Mansour (d), recebe o subsecretário de Estado americano, William Burns: encontro será para expressar o apoio americano ao povo egípcio para o fim da violência e por uma transição que leve a um governo civil e eleito democraticamente (Khaled Desouki/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2013 às 14h29.
Cairo - O subsecretário de Estado dos Estados Unidos se reuniu nesta segunda-feira com as novas autoridades do Cairo, onde partidários e detratores do presidente deposto, Mohamed Mursi, convocaram novas manifestações.
Bill Burns se reuniu com os principais dirigentes interino, segundo a agência Mena: o primeiro-ministro Hazem Beblawi, o presidente Adly Mansur e o general Abdel Fatah al Sisi, o novo homem-forte, que deverá permanecer no posto de ministro da Defesa.
Nenhuma informação foi dada a respeito dessas reuniões.
A visita de Burns é a primeira realizada por um dirigente americano deste nível desde que, em 3 de julho passado, o exército derrubou Mursi depois de manifestações populares que pediam sua demissão.
Segundo fontes diplomáticas, Burns deve expressar o apoio americano ao povo egípcio para o fim da violência e por uma transição que leve a um governo civil e eleito democraticamente.
Esta viagem acontece num contexto delicado para os dois países. Há décadas o Egito é um aliado-chave no Oriente Médio para os Estados Unidos, que repassam ao exército local uma ajuda anual de 1,3 bilhão de dólares.
Até o momento, Washington se absteve de falar de "golpe de Estado" depois da queda de Mursi, já que isso suporia uma suspensão automática dessa ajuda.
Por outro lado, Washington pediu que Mursi, atualmente detido pelo exército, seja colocado em liberdade. O pedido não encontrou ainda resposta por parte do Cairo, onde uma grande parte dos manifestantes e da imprensa hostis ao ex-presidente acusam os Estados Unidos de se mostrarem indulgente com Mursi.
As autoridades asseguram, no entanto, que o ex-presidente se encontra num local seguro e está sendo tratado dignamente. Ele não aparece em público desde sua prisão.
Enquanto isso, manifestantes pró e contra Mursi convocaram novos protestos para esta segunda-feira.
Já o presidente francês François Hollande e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediram nesta segunda-feira em Paris o fim dos confrontos e a retomada dos processo político no Egito.
"Manifestei nossa preocupação e nossa vontade de fazer todo o possível para que um processo político permita a organização de eleições no Egito", disse Hollande após uma reunião com Ban Ki-moon no palácio presidencial francês.
O secretário-geral da ONU, por sua vez, reiterou que "não pode existir espaço para a vingança nem a exclusão de um partido um comunidade" no Egito, ao citar as detenções de integrantes da Irmandade Muçulmana desde a destituição do presidente Mursi.
Três pessoas morreram e 17 ficaram feridas em um ataque contra um ônibus que transportava funcionários de uma fábrica de cimento ao norte da península do Sinai.
"O ônibus foi atacado com foguetes perto do aeroporto de Al Arish. Três pessoas morreram e 17 ficaram feridas", afirmou uma fonte dos serviços de segurança.
De acordo com fontes médicas, vários feridos estão em condição crítica.
O coronel Ahmed Aly afirmou que um "grupo terrorista" atacou um veículo da polícia, mas atingiu o ônibus de trabalhadores por engano.
O ataque aconteceu poucas horas depois dos confrontos entre homens armados e o exército egípcio perto da fronteira com Israel.
A península do Sinai passa por um momento de grande violência desde a destituição do presidente islamita Mohamed Mursi em 3 de julho.
*Matéria atualizada às 14h28