Goneim rejeitou título de herói e o atribuiu a quem permaneceu na praça Tahrir (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2011 às 07h52.
Cairo - O executivo egípcio que esteve detido durante duas semanas por promover a revolta popular que explodiu em 25 de janeiro, Wael Goneim, rejeitou o título de herói e demonstrou a esperança de que o país ficará livre "deste lixo".
Goneim, diretor regional de vendas do Google no Cairo, foi detido por agentes policiais em 27 de janeiro em uma rua da capital egípcia pouco após escrever no microblog Twitter: "Rezem pelo Egito. Estou preocupado porque parece que o Governo planeja um crime de guerra amanhã e estamos dispostos a morrer".
Desde 25 de janeiro, há manifestações diárias na praça Tahrir para pedir a renúncia do presidente egípcio, Hosni Mubarak. Os protestos já deixaram cerca de 300 mortos, além de milhares de feridos e detidos, segundo dados da ONU.
"Os verdadeiros heróis são os que permaneceram na praça Tahrir todo este tempo", manifestou Goneim em declarações divulgadas nesta terça-feira pela emissora "Al Jazira".
Goneim, libertado na noite de segunda-feira, rendeu uma homenagem às vítimas das manifestações e insistiu que as mobilizações sempre foram pacíficas.
"Se Alá quiser, vamos limpar o país deste lixo", acrescentou, aludindo aos representantes do regime de Hosni Muarak
O ativista ficou conhecido após criar no Facebook um grupo chamado "Todos somos Khaled Said", um jovem que, segundo denúncias de organizações de direitos humanos, foi agredido até a morte em 7 de junho de 2010 por informantes policiais e agentes à paisana quando se encontrava em um cibercafé na cidade de Alexandria.
Nesta terça-feira, vários internautas expressaram no Facebook seu orgulho por Goneim, agradeceram por sua luta e alguns chegaram a trocar sua foto de perfil pela do jovem assassinado.