Charlie Hebdo: "A morte é sempre um tabu, mas, às vezes, é preciso transgredi-la", declarou Laurent Sourisseau (Thomas Samson/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 10h23.
O diretor da revista satírica francesa Charlie Hebdo defendeu nesta terça-feira as polêmicas caricaturas sobre o terremoto de agosto na Itália, que causaram indignação nas redes sociais.
"A morte é sempre um tabu, mas, às vezes, é preciso transgredi-la", declarou Laurent Sourisseau, também conhecido pelo pseudônimo de Riss, falando à rádio France Internacional.
Quase 300 pessoas morreram no violento terremoto que devastou três cidades no centro da Itália.
"Para nós, é uma caricatura de humor negro como já fizemos antes, não tem nada de extraordinário", acrescentou o chargista, um dos sobreviventes do ataque de extremistas contra a sede da revista que, em janeiro de 2015, matou 12 de seus companheiros por causa da publicação de caricaturas do profeta Maomé.
Na véspera, a prefeitura de Amatrice, devastada pelo terremoto, denunciou Charlie Hebdo por suas caricaturas de mau gosto sobre as vítimas da tragédia.
"Isso é um ultraje macabro, insensato e inconcebível para com as vítimas de um desastre natural", afirmou o advogado da prefeitura, Mario Cicchetti.
Poucos dias depois do terremoto que causou a morte de 295 pessoas no centro da Itália, a revista Charlie Hebdo publicou na capa uma charge com o título "Terremoto à italiana", na qual comparava as vítimas com pratos típicos da comida italiana.
A indignação em relação às charges cresceu nos últimos dias, principalmente nas redes sociais.
Um dos chargistas da Charlie Hebdo, Coco, respondeu às críticas com o desenho de uma mulher coberta pelos escombros e que grita aos italianos: "Isso não aconteceu por culpa da Charlie Hebdo, e sim por quem construiu as casas, a máfia".
A denúncia apresentada ante a promotoria de Rieti (centro) pede que a justiça determine se os chargistas Felix e Coco e a direção da revista cometeram ou não um delito.