Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA: "chegou o momento de tomar um novo enfoque para resolver os assuntos entre Irã e AIEA", disse (Heinz-Peter Bader/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2013 às 12h11.
Viena - O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, insistiu neste domingo em Viena no começo de uma reunião com o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Seyed Abade Araqchi, sobre a necessidade de avanços concretos para resolver os "assuntos pendentes" em relação ao programa nuclear iraniano.
"São assuntos pendentes muitos complicados", disse o japonês perante a imprensa, enquanto seu interlocutor iraniano destacou que Teerã "procura um progresso construtivo", já que "chegou o momento de tomar um novo enfoque para resolver os assuntos entre Irã e AIEA".
Esta reunião, realizada no escritório de Amano, precede outro encontro, em nível técnico, entre as partes para negociar um aprofundamento das inspeções no Irã perante o temor de que existam dimensões militares do programa nuclear iraniano.
Araqchi destacou que o programa atômico de seu país é "pacífico e sempre será", ao mesmo tempo em que expressou sua esperança em que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha "um papel construtivo para garantir um mundo pacífico".
"Devemos olhar rumo ao futuro para cooperar, para assegurar a natureza pacífica do programa nuclear do Irã", disse o iraniano, número dois da equipe de negociação atômica no país.
Após qualificar o novo ambiente nestas conversas como "bom e construtivo", o diretor-geral da AIEA acrescentou que "é muito importante para todos que possamos mostrar progressos concretos".
"A reunião de hoje é uma oportunidade muito importante para poder atender todos os assuntos pendentes respeito ao programa atômico iraniano", concluiu Amano.
As duas partes estão negociando há quase dois anos um aprofundamento das inspeções no Irã perante as suspeitas dos serviços de inteligência ocidentais sobre possíveis dimensões militares do programa nuclear da República Islâmica.
Nas 11 reuniões realizadas até hoje, os inspetores da AIEA não chegaram a um acordo com Teerã sobre as modalidades que permitam inspecionar mais instalações e exige a presença de mais pessoal técnico no Irã.
Os inspetores, liderados pelo finlandês Tero Varjoranta, insistem sobretudo no acesso à base militar de Parchin, perto de Teerã, onde suspeitam que sejam produzidos experimentos clandestinos com explosivos especiais no local.
O Ocidente acredita que sob o pretexto de um suposto programa pacífico, o Irã esteja trabalhando no desenvolvimento de materiais e capacidades que lhe permitam fabricar bombas nucleares.
O Irã rejeita esse fato, alegando necessidades energéticas e científicas de suas atividades nucleares.