Mundo

Diretor do BIS pede aos Governos ajuste de déficits fiscais

Basiléia - O diretor-geral do Banco de Compensações Financeiras (BIS), o espanhol Jaime Caruana, pediu hoje aos Governos das economias avançadas que reduzam seus déficits fiscais como primeira condição para alcançarem o crescimento. Em entrevista coletiva após a assembleia geral anual do BIS, Caruana advertiu sobre a "frágil" situação da economia e o sistema financeiro […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Basiléia - O diretor-geral do Banco de Compensações Financeiras (BIS), o espanhol Jaime Caruana, pediu hoje aos Governos das economias avançadas que reduzam seus déficits fiscais como primeira condição para alcançarem o crescimento.

Em entrevista coletiva após a assembleia geral anual do BIS, Caruana advertiu sobre a "frágil" situação da economia e o sistema financeiro em um momento em que a margem de manobra para as políticas macroeconômicas é inferior ao início da crise.

"A maior parte dos países ricos estão no limite da expansão fiscal", analisa Caruana.

Cumprimentou os recentes anúncios de planos de consolidação fiscal e objetivos anunciados por países como Grécia, Portugal e Espanha. Criticou, no entanto, o inconcluso processo de redução do endividamento de bancos e empresas e a ausência de saneamento dos balanços das entidades de crédito, mas reconheceu algumas conquistas importantes.

"O sistema financeiro continua vulnerável às mudanças adversas de ânimo, como mostraram recentemente as disfunções nos mercados de financiamento", disse Caruana.

Por isso, insistiu que neste momento ainda "muitos segmentos dos mercados financeiros dependem do apoio público".

O BIS é uma organização internacional que fomenta a cooperação monetária e financeira internacional e exerce o papel de banco para os bancos centrais.

Fundado em 1930, o BIS é a mais antiga instituição financeira internacional.

Caruana acrescentou que as medidas políticas específicas necessárias variam de acordo com as diferentes circunstâncias de cada país.

"A escala dos problemas financeiros e o fortalecimento dos sistemas bancários diferem entre os países, por isso que não há uma prescrição política única para todos", disse Caruana.

Os desafios se centram agora em três tarefas: que as economias avançadas reduzam seus déficits fiscais, o ajuste dos balanços e mudanças nos modelos de negócio dos bancos, assim como na finalização dos acordos internacionais sobre a regulação financeira.

Na assembleia geral anual foi apresentado o 80º relatório anual, no qual BIS adverte que manter as taxas de juros muito baixas por um longo período poderia ser arriscado e conduzir a uma nova crise financeira.


O crescimento em muitas economias emergentes se recuperou fortemente, o que contribuiu para melhorar as condições da demanda global, mas a inflação e as pressões para a entrada de capitais encontrem dilemas para a política monetária.

Taxas de câmbio mais flexíveis poderiam ajudar a aliviar a alta da inflação em alguns países e incentivar crescimento global mais equilibrado, diz Caruana.

Considerou que os testes de resistência para os bancos europeus ("estresse teste") é "um passo na direção correta" que deverão concretizar as autoridades políticas nos próximos meses.

Os testes de solvência proporcionarão transparência e ajudarão a reduzir a incerteza que há sobre os bancos e seus resultados.

O fortalecimento dos balanços do setor financeiro é a condição para restaurar a estabilidade e retirar a participação pública na intermediação financeira.

Apesar de os bancos terem aumentado seu capital, alguns não estão bem posicionados para absorver perdas e outros ainda têm de deixar claro o quanto perderam.

Além disso, Caruana viu um claro apoio do Grupo dos Vinte (G20, grupo que reúne os países desenvolvidos e emergentes) à agenda de regulação do sistema financeiro que estabeleceram organismos de supervisão como o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) e o Comitê de Supervisão Bancária de Basiléia.

Estes organismos defendem que os bancos aumentem seu capital e melhorem sua liquidez a fim de enfrentar melhor as dificuldades e evitar novas crises.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasDéficit públicoFinançassetor-financeiro

Mais de Mundo

Zelensky quer que guerra contra Rússia acabe em 2025 por 'meios diplomáticos'

Macron espera que Milei se una a 'consenso internacional' antes da reunião de cúpula do G20

Biden e Xi Jinping se reúnem antes do temido retorno de Trump

Incêndio atinge hospital e mata 10 recém-nascidos na Índia