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Dirceu diz que tucanos não têm autoridade para falar de juros

E, como Dilma Rousseff, Dirceu disse que o Banco Central teve papel fundamental para o País sair da crise

A volta dos que já foram: Dirceu retorna à cena e critica Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central na época do governo FHC.  (Arquivo/Agência Brasil)

A volta dos que já foram: Dirceu retorna à cena e critica Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central na época do governo FHC. (Arquivo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - Ao comentar as críticas do pré-candidato à Presidência José Serra (PSDB) sobre o atraso na redução dos juros pelo Banco Central (BC) durante a crise mundial, o ex-ministro da Casa Civil e integrante da direção do PT José Dirceu disse que "os tucanos não têm autoridade para falar sobre juros". "O Gustavo Franco (presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso) manteve o País com câmbio fixo e com juros reais de 27 5% por três anos. Dobrou a dívida interna e vendeu 100 bilhões de reservas, patrimônio do País", afirmou o petista, ao participar da reunião da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Para Dirceu, não houve inversão de papéis entre o discurso de José Serra e do governo em relação ao BC. O ex-ministro disse que sempre foi crítico "notório" em relação ao banco, mas ponderou que, como disse a pré-candidata Dilma Rousseff (PT), a autoridade monetária teve papel fundamental para o País sair da crise.

Segundo o ex-ministro, o BC está "no tamanho bom", sem independência e mandatos fixos para os seus diretores, previstos em lei, mas com autonomia de fato. Ele ponderou que essa autonomia é relativa, porque tanto a meta de inflação como a banda de flutuação da meta para cima ou para baixo são definidas pelo presidente da República e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Apesar do elogio ao BC no enfrentamento da crise, José Dirceu afirmou que não vê razão para o aumento dos juros. Segundo ele, o aquecimento da economia é real, mas ele não coloca em risco as metas inflacionárias. "O BC tem opinião diferente e aumentou juros. Mas não vai acontecer nada. A economia vai crescer 6%, 6 5% em 2010 e 5%, 5,5% em 2011", previu.

Ele aproveitou para fazer críticas a Serra e à declaração do ex-governador paulista de que não haverá disputa na sua equipe econômica caso ele seja eleito presidente da República. "Ele era a crise da equipe econômica do governo Fernando Henrique. Quem não se lembra disso? Ele sempre foi um dissidente da equipe econômica", alfinetou Dirceu. Segundo ele, a equipe econômica do governo Lula tirou o Brasil da crise financeira internacional e a equipe econômica de FHC colocou o País em duas crises.
 


 

'Ciúme'
Dirceu também atacou as críticas de Serra ao fato de a Petrobras ser presidida por sindicalistas. "Por que sindicalista não pode presidir a Petrobras: dois sindicalistas transformaram a Petrobras numa das maiores empresa do mundo. O que os tecnocratas deles fizeram com a Petrobras?" Ele também atacou o FHC que, segundo Dirceu, sofre "crise de ciúme" em relação ao presidente Lula. "Ciúme de homem com homem é a pior coisa do mundo."

Para o ex-ministro, também é irrelevante as críticas de que o presidente Lula teria sido autoritário ao impor ao PT o nome da pré-candidata Dilma Rousseff para sua sucessão. Conforme o ex-ministro, Dilma tem o apoio unânime do partido. Dirceu disse que o PT não é um partido a quem se diz o que se deve fazer.

Ele ainda minimizou as críticas de que Dilma não tem experiência para disputar a Presidência da República e comparou a situação ao técnico Dunga, da seleção brasileira. "É que nem o Dunga dizer que para ir para a Copa tem que ter experiência. Se fosse assim o Pelé não teria ido para a seleção", disse Dirceu, acrescentando que os jogadores do Santos Neymar e Ganso, preteridos por Dunga, não têm experiência, "mas têm grande paixão".

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