Dirceu diz que reconhece a coragem de FHC ao apresentar a situação de fragilidade dos partidos de oposição hoje no Brasil, mas contesta suas críticas (Ana Araujo/Veja)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2011 às 22h45.
São Paulo - O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu defendeu hoje, em São Paulo, um acordo para definir o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Durante o lançamento de seu livro "Tempos de Planície", o ex-ministro disse que as decisões do partido devem considerar a força política da senadora Marta Suplicy (que disputa indicação com o ministro da Educação, Fernando Haddad, preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva). "Eu trabalho com um acordo. Não há vitória sem a Marta, isso temos de ter consciência. Qualquer solução passa por ela dentro do partido, que sabe disso. É só ir na periferia e ver a popularidade e a força dela", afirmou.
Para Dirceu, o PT tem chances de ganhar a sucessão municipal de 2012 em qualquer cenário, seja com Haddad, Marta, o senador Eduardo Suplicy ou ainda os deputados federais Carlos Zarattini e Jilmar Tatto. "Com Haddad ou com a Marta também, não necessariamente só com Haddad", disse Dirceu, sem revelar qual é o seu pré-candidato favorito.
Os petistas que compareceram ao evento se mostraram em sintonia com Dirceu. "Não queremos disputa com a Marta, derrotar a Marta é derrotar o PT em São Paulo. Se derrotar o Haddad também não é bom porque é a derrota do Lula e, se o Lula for derrotado, não tem vitória", avaliou o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. Já o presidente do PT estadual, Edinho Silva, apelou para uma solução negociada que evitasse a prévia. "Gostaria que não houvesse prévia porque a derrota da Marta é a derrota do PT", considerou.
O ex-ministro também comentou a filiação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao PSD do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Na opinião de Dirceu, embora Meirelles tenha prestígio e já tenha sido o deputado federal mais votado em Goiás, a situação muda de figura quando se trata da capital paulista. "Ele é um candidato que temos que respeitar, mas não acredito que em São Paulo tenha chances, francamente", desdenhou. Para o ex-ministro, PT, PSDB, PMDB e a figura pessoal de Kassab ocupam todo o cenário político em 2012 e, por isso, não haveria chances de Meirelles se viabilizar como candidato forte em apenas um ano.
Esse é o segundo evento de lançamento da coletânea de 73 artigos publicados de 2006 a 2010 pelo ex-ministro. Prestigiaram Dirceu antigos colegas de guerrilha e companheiros do PT paulista, como o ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh, além de Edinho Silva e Emídio de Souza. No meio da noite, a fila para pegar autógrafos e tirar fotos com Dirceu ultrapassou o número de 100 pessoas.
O evento estava marcado para começar às 18h30, mas o ex-ministro se atrasou porque foi entregar um exemplar do livro para o ex-presidente Lula. No encontro com Lula, Dirceu prometeu fazer uma noite de lançamento no ABC paulista.