Mundo

Diplomata indiana nos EUA explorava empregada, diz promotor

O promotor de Nova York, encarregado da detenção da vice-cônsul da Índia Devyani Khobragade, lembrou que a verdadeira vítima era a doméstica da mesma

Policial parado em frente à embaixada da Índia em NY: promotor criticou a "desinformação" propagada sobre o caso (AFP/Getty Images)

Policial parado em frente à embaixada da Índia em NY: promotor criticou a "desinformação" propagada sobre o caso (AFP/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2013 às 08h54.

Washington - O promotor do distrito sul de Nova York, encarregado da detenção da vice-cônsul da Índia Devyani Khobragade, lembrou nesta quarta-feira que, apesar do escândalo suscitado pelo tratamento dado à diplomata, a verdadeira vítima era a doméstica da mesma, também de nacionalidade indiana, que era objeto de exploração trabalhista.

O promotor Preet Bharara, que por coincidência também é nascido na Índia, criticou a "desinformação" propagada sobre o caso, que gerou grande polêmica na Índia pelo tratamento recebido pela diplomata indiana.

A vice-cônsul, de 39 anos, foi presa na última quinta-feira pela polícia nova-iorquina após mentir na tramitação de um visto para que uma empregada sua residisse nos Estados Unidos.

Bharara lembrou que Devyani "tentou claramente burlar a lei americana de proteção aos empregados domésticos de exploração por parte de diplomatas e oficiais consulares".

"Obrigou à vítima e seu cônjuge a fazer um falso testemunho em documentos", acrescentou o encarregado do caso.

"Por que é mais escandaloso o suposto tratamento dado a uma cidadã indiana acusada de cometer esses atos, mas não se levanta a voz pelo suposto tratamento da vítima indiana e seu cônjuge?".

As vítimas recebiam "muito menos que o salário mínimo" dos EUA, apesar de trabalhar por mais de 40 horas semanais, acima do permitido em sua solicitação de visto, e estarem submissa a um segundo contrato não declarado no qual omitia toda referência aos direitos do trabalhador.

Apesar da promotoria não ter sido responsável pela prisão da mulher, desmentiu que a diplomata tivesse sido algemada ou detida diante de sua família e que foi tratada "com muita mais cortesia que outros detidos".

Devyani denunciou ao governo indiano que, apesar reivindicar sua impunidade diplomática, os agentes que realizaram sua detenção a submeteram a "indignidades" como algemá-la, revistá-la, inclusive em suas partes íntimas, e prendê-la em "uma cela com criminosos comuns e drogados".

Segundo o promotor Bharara, a revista foi realizada em um ambiente privado por uma agente e é "uma prática padrão para todos os presos, rico ou pobre, americano ou não, para garantir que não vão introduzir na prisão nada que possa ser usado para agredir, inclusive a si mesmo".

A tensão por este caso não tem precedentes nas relações entre Washington e Nova Délhi desde que os EUA começaram a privilegiar, nos anos 1990, sua relação com a Índia, após décadas priorizando as relações com o Paquistão, o maior rival regional dos indianos.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDiplomaciaEstados Unidos (EUA)ÍndiaPaíses ricos

Mais de Mundo

Tarifas de Trump destroem o acordo que o próprio presidente aprovou há 5 anos

Macron diz que forças europeias podem ser mobilizadas após acordo de paz na Ucrânia

Quantos oceanos existem no mundo?

Corte de energia afeta 622 mil usuários em Buenos Aires durante onda de calor extremo