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Diplomata dos EUA minimiza vazamento de ligação

Angela Merkel classificou o comentário obsceno relacionado à União Europeia como "absolutamente inaceitável"

Victoria Nuland, importante representante do Departamento de Estado dos EUA na Ucrânia, durante uma coletiva de imprensa em Kiev (Gleb Garanich/Reuters)

Victoria Nuland, importante representante do Departamento de Estado dos EUA na Ucrânia, durante uma coletiva de imprensa em Kiev (Gleb Garanich/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 16h54.

Kiev - Uma diplomata do Departamento de Estado norte-americano tentou minimizar o dano causado para a diplomacia de Washington na Ucrânia pelo vazamento de um telefonema, mas a chanceler alemã, Angela Merkel, classificou o comentário obsceno relacionado à União Europeia como "absolutamente inaceitável".

Autoridades dos Estados Unidos acusaram Moscou pelo vazamento na Internet de gravação da discussão entre a representante do Departamento de Estado, Victoria Nuland, e o embaixador dos EUA sobre um futuro governo da Ucrânia, onde Washington e Bruxelas dão apoio aos manifestantes anti-Kremlin.

Autoridades ocidentais classificaram o vazamento como um retorno às táticas da Guerra Fria. A ação aparentemente teve como objetivo tanto alimentar a discórdia entre os aliados do Ocidente quanto atingir a oposição da Ucrânia, um país à beira da falência, com 46 milhões de habitantes e dividido entre o Leste e o Ocidente.

Victoria, importante representante do Departamento de Estado, é ouvida dizendo um palavrão para sugerir ao embaixador dos Estados Unidos que seria melhor que um novo governo ucraniano fosse apoiado pela Organização das Nações Unidas e não pela UE.

"F... a UE", disse ela. Os Estados Unidos não negaram a autenticidade da gravação e autoridades do país disseram que Victoria se desculpou com os colegas europeus por causa do comentário.

A chanceler alemã, Angela Merkel, irritada há meses com Washington por conta dos relatos de que autoridades dos Estados Unidos grampearam o seu telefone pessoal, considerou os comentários de Victoria "totalmente inaceitáveis", segundo uma porta-voz da chanceler.

Merkel também manifestou apoio à chefe de Política Externa da UE, Catherine Ashton, que comanda as negociações do bloco com a Ucrânia.


Em outra gravação vazada, um assessor de Catherine pode ser ouvido questionando por que os EUA disseram à oposição ucraniana que Bruxelas estava sendo "suave" na sua relutância em tomar medidas, como sanções, para atingir o governo pró-Rússia.

Victoria, que se encontrou com o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, em Kiev na quinta-feira, antes de ele viajar para se reunir com o colega russo, Vladimir Putin, nas Olimpíadas de Sochi, descreveu as escutas e os vazamentos como "uma habilidade muito impressionante", mas disse que isso não afetaria os seus laços com a oposição ucraniana.

Outras autoridades norte-americanas culparam Moscou, notando que a primeira pessoa a perceber a gravação inserida de forma anônima na Internet foi uma autoridade russa em mensagem no Twitter.

"Grampear ligações de telefone e divulgar trechos selecionados como forma de propaganda é um método antigo de alguns tipos de regime", disse o ministro do Exterior da Suécia, Carl Bildt, no Twitter.

No telefonema gravado de Victoria, feito aparentemente há 12 dias, quando a oposição da Ucrânia avaliava uma oferta para entrar no governo, ela sugeria que um dos líderes deveria aceitar um cargo e que dois outros deveriam ficar de fora. No final, os três rejeitaram o convite.

O vazamento dos telefonemas chama a atenção para as diferenças entre Washington e Bruxelas, que concordam em trazer a Ucrânia para o lado do Ocidente, mas discordam sobre como conseguir isso. Alguns em Washington querem ameaçar Yanukovich com sanções. Muitos europeus acham que esse tipo de tática pode ser contraproducente e aproximar mais a elite ucraniana de Moscou.

O presidente Yanukovich ainda precisa nomear o seu novo primeiro-ministro. O anterior, pró-Rússia, saiu do governo como uma concessão à oposição, mas nenhum dos líderes opositores quis substituí-lo.

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