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Dióxido de carbono afeta o cérebro dos peixes, alerta estudo

As concentrações de dióxido de carbono estimadas para o fim deste século interferirão na habilidade dos peixes de ouvir, cheirar e escapar de predadores

Vendendo seu peixe: vendedores de alto desempenho têm um tipo de talento que muitos chamam de lábia (sxc)

Vendendo seu peixe: vendedores de alto desempenho têm um tipo de talento que muitos chamam de lábia (sxc)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 22h12.

Última atualização em 10 de setembro de 2019 às 20h09.

Los Angeles - As crescentes emissões de dióxido de carbono podem afetar o cérebro e o sistema nervoso central dos peixes marinhos, com sérias consequências para a sua sobrevivência, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira.

Segundo a pesquisa, as concentrações de dióxido de carbono estimadas para o fim deste século interferirão na habilidade dos peixes de ouvir, cheirar, se virar e escapar de predadores.

O ARC, Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Coral, informou que está testando o desempenho de bebês de peixes coralinos na água do mar com altos níveis de dióxido de carbono dissolvido por vários anos.

"E agora está bem claro que eles sofrem uma alteração significativa em seu sistema nervoso central, podendo prejudicar suas chances de sobrevivência", disse Phillip Munday, professor que divulgou as descobertas.

Em artigo publicado na revista Nature Climate Change, Munday e seus colegas também detalharam o que afirmam ser a primeira evidência no mundo de que os níveis de CO2 na água do mar afetam um receptor cerebral chave nos peixes, provocando mudanças marcantes em seu comportamento e habilidades sensoriais.

"Nós descobrimos que altas concentrações de CO2 nos oceanos podem interferir diretamente nas funções dos neurotransmissores dos peixes, o que representa uma ameaça direta e antes desconhecida à vida marinha", afirmou Munday.


A equipe de cientistas começou a estudar o comportamento de filhotes de peixe-palhaço e peixes-donzela ao lado de seus predadores em um ambiente de água enriquecida com CO2.

Eles descobriram que enquanto os predadores eram pouco afetados, os filhotes demonstraram um desgaste muito maior.

"Nosso trabalho inicial demonstrou que o sentido do olfato em filhotes de peixes foi afetado pela presença de mais CO2 na água, o que significa que eles tiveram mais dficuldade de localizar um coral para se abrigar ou detectar o odor de alerta de um peixe predador", disse Munday.

A equipe, então, examinou se a audição dos peixes - usada para localizar e ocupar recifes à noite e evitá-los durante o dia - tinha sido afetada.

"A resposta é sim, foi. Eles ficaram confusos e deixaram de evitar sons coralinos durante o dia. Ser atraído pelos corais à luz do dia os tornaria presas fáceis para os predadores", acrescentaram os estudiosos.

O estudo mostrou, ainda, que os peixes também tendem a perder o instinto natural de virar para a direita ou a esquerda, um importante fator de comportamento adquirido.

"Tudo isto nos levou a suspeitar que o que estava acontecendo não era simplesmente um dano ao seus sentidos individuais, mas ao contrário, que níveis mais altos de dióxido de carbono estavam afetando o sistema nervoso central como um todo", acrescentou.

Munday afirmou que 2,3 bilhões de toneladas de emissões de CO2 se dissolvem nos oceanos do mundo todo ano, provocando mudanças na química da água na qual vivem os peixes e outras espécies.

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