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Dilma precisa aprender a fazer política, dizem analistas

Especialistas afirmam que crise ligou sinal de alerta em Brasília e mostrou que presidente precisa melhorar seu capital político

A crise trará um novo desafio para a presidente: Dilma terá que aprender a "fazer política" (Agência Brasil/Antonio Cruz)

A crise trará um novo desafio para a presidente: Dilma terá que aprender a "fazer política" (Agência Brasil/Antonio Cruz)

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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2011 às 20h21.

São Paulo - A crise que culminou na saída de Antonio Palocci do Ministério da Casa Civil é, sem dúvida, um forte revés para o governo de Dilma Rousseff, mas a presidente tem condições de superá-la. A avaliação positiva é de analistas políticos de Washington, consultados hoje pela Agência Estado. A virada, no entanto, trará um novo desafio para a presidente: Dilma terá que aprender a "fazer política".

"Dilma não tem o costume de fazer política. Ela somente atendeu quatro senadores nos primeiros cinco meses de governo. E isso importa. Para os senadores, é necessário mostrar que eles têm trânsito no Planalto", avalia o diretor para América Latina do Eurasia Group, Christopher Garman. "É claro que essa crise foi um grande sinal de alerta. Mas, de certa forma, é bom que o desfecho aconteceu mais cedo, quando Dilma ainda tem capital político forte". Para o analista, essa crise pode, no entanto, afetar o índice de popularidade de Dilma no curto prazo.

"Creio que o desafio de Dilma será convencer o público de que é uma obstinada e não está de mãos atadas, mas acho que ela consegue fazer isso", diz Reva Bhalla, diretora de análises estratégicas da consultoria Stratfor. Bhalla afirma que Dilma é vista como uma líder durona. "Ela demanda muito de sua equipe e deixa as pessoas nervosas. Claro que vai precisar de um time bom em relações públicas para ajudar a trabalhar sua imagem enquanto ela foca em grandes questões", avalia.

Embora ambos os analistas lembrem que Palocci era mais pró-mercado, a saída do político do cargo e a chegada de uma personagem com perfil mais tecnocrata não chega a ser ruim, acrescentam. "Acho que Gleisi terá um papel diferente. Palocci centralizava atribuições na Casa Civil e também era interlocutor nas principais decisões do governo. Ela deve adotar um modelo (de gestão) mais descentralizador, dando também mais peso ao Ministério das Relações Institucionais", avalia Garman.

Força questionada

Garman tem uma posição positiva em relação à nomeação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao posto de ministra da Casa Civil. "É uma estrela em ascensão". Bhalla acrescenta: "Gleisi deve ter menos a dizer em relação a políticas econômicas. Palocci era a pessoa do mercado, o que era bom para a relação do governo com o mercado. Mas na realidade, Palocci não tinha tanto poder em ditar políticas econômicas neste governo".

Garman também relativiza a força de Palocci. Para ele, a visão de que o ex-ministro tinha grande peso nas decisões econômicas é "exagero" e outros integrantes do governo, como o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, mostravam maior influência sobre Dilma nessa área.

Ainda que não esteja preocupado com o impacto da crise no governo no curto prazo, Garman pondera que, no médio prazo, será importante observar como o governo conduzirá a reforma tributária fatiada, uma vez que Palocci era um forte defensor dessa agenda, e qual será a capacidade de o governo resistir às pressões, inclusive no que se refere a cortes de gastos. Ele também acrescentou que será importante que Dilma evite "ruídos na política monetária", com relação ao controle da inflação.

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