Mundo

Dilma e Chávez, grandes ausentes da primeira cúpula da Celac

Dilma retornou ao Brasil após o trágico incêndio em uma boate no Rio Grande do Sul; já o presidente venezuelano está internado em Cuba


	Chávez e Dilma em Brasília: a Celac, integrada por 33 países, foi criada em dezembro de 2011 em Caracas a pedido de Chávez
 (Pedro Ladeira/AFP)

Chávez e Dilma em Brasília: a Celac, integrada por 33 países, foi criada em dezembro de 2011 em Caracas a pedido de Chávez (Pedro Ladeira/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2013 às 08h06.

Santiago - A primeira cúpula da Celac começou no domingo em Santiago com as ausências notórias da presidente Dilma Rousseff, que retornou ao Brasil após o trágico incêndio em uma boate no Rio Grande do Sul, e do presidente venezuelano, Hugo Chávez, principal impulsionador da iniciativa.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, homenageou Chávez ao inaugurar a reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será realizada até esta segunda-feira e que foi precedida por dois dias de reuniões entre a Celac e a União Europeia.

"Quero fazer um reconhecimento a um presidente que não está conosco, o presidente Hugo Chávez, cuja visão permitiu colocar em andamento esta iniciativa", disse Piñera.

A Celac, integrada por 33 países, foi criada em dezembro de 2011 em Caracas a pedido de Chávez, hospitalizado em Cuba desde 12 de dezembro após sua quarta operação contra um câncer.

"Todos fazemos votos para que possa vencer nesta batalha, talvez a mais dura de sua vida, e que possa se reintegrar plenamente como presidente da Venezuela", acrescentou Piñera. O vice-presidente, Nicolas Maduro, designado por Chávez como seu eventual sucessor, é o representante da Venezuela na cúpula.


Dilma, por sua vez, retornou ao Brasil na manhã de domingo, antes do fim da cúpula Celac-UE, em direção a Santa Maria, cidade no Rio Grande do Sul onde ocorreu o trágico incêndio em uma boate que deixou mais de 230 mortos.

"É uma tragédia para todos. Não posso continuar na cúpula porque minha prioridade neste momento está com o povo do Brasil", disse Dilma antes de partir de Santiago. Os países latino-americanos e europeus enviaram condolências ao governo brasileiro pela tragédia.

Tampouco participam da reunião da Celac o presidente do Equador, Rafael Correa, em plena campanha eleitoral para sua reeleição, e o presidente do Paraguai, Federico Franco, cujo país encontra-se suspenso nos acordos regionais de Unasul e Mercosul após a destituição do ex-presidente Fernando Lugo em um questionado julgamento político.

A reunião da Celac iniciou suas sessões após o encerramento no domingo de uma cúpula de dois dias entre a Celac e a UE, na qual acordaram uma nova aliança estratégica de cooperação que tem por objetivo promover investimentos interregionais.

O encontro reuniu 60 países de ambos os lados do oceano Atlântico, num momento em que a maior economia do planeta sofre a pior crise de sua história e que a América Latina passa por um bom momento, com taxas de crescimento sustentadas que nos últimos anos foram de 4,5%, em média.

A Celac será presidida a partir desta segunda-feira por Cuba, em um dos maiores reconhecimentos regionais concedidos ao governo comunista da ilha, que enfrenta um embargo comercial e uma política de isolamento dos Estados Unidos há meio século.

O presidente cubano, Raúl Castro, receberá nesta segunda-feira a presidência temporária da nova entidade por um ano, um fato que foi classificado como "uma mudança de época" na América Latina pela presidente argentina Cristina Kirchner.


Por sua vez, os países da Aliança do Pacífico, Chile, Colômbia, México e Peru, anunciaram no domingo que criarão de forma acelerada uma zona de livre comércio e antes de 31 de março acordarão a eliminação total de tarifas para ao menos 90% dos produtos.

"Os 10% restantes terão um calendário até atingir a meta de 100% de livre comércio entre nossos países", afirmou o presidente do Chile, Sebastián Piñera, acompanhado pelos líderes de Colômbia, Juan Manuel Santos, Peru, Ollanta Humala, e México, Enrique Peña Nieto.

O Mercosul, por sua vez, integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai (suspenso) e Venezuela, mantém uma política comercial mais fechada, em particular por sua exigência de que Europa e Estados Unidos coloquem fim aos gigantescos subsídios agrícolas.

Já México e Brasil concordaram no sábado em promover uma maior aproximação entre seus empresários para estreitar as relações comerciais, em uma reunião entre o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e Dilma Rousseff.

Peña Nieto anunciou à imprensa que explorou junto a Dilma possibilidades de maior cooperação futura entre a petroleira estatal mexicana Pemex e a gigante brasileira Petrobras.

O Brasil colocou recentemente quotas à importação de automóveis e peças de reposição provenientes do México, que estavam livres de impostos desde 2002.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDilma RousseffHugo ChávezPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresRio Grande do Sul

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde