Funcionária caminha na sede da companhia de e-commerce Alibaba: as vendas do Dia dos Solteiros da Alibaba deverão subir 50% e exceder 30 bilhões de yuans (Stringer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 10h51.
Xangai e Hong Kong - O funcionário administrativo Xue Feng, de Xangai, diz que resistiu ao desejo de fazer compras no último mês. Vem aí a meia-noite de 11 novembro e ele, com seus 34 anos de idade, planeja matar a vontade com uma maratona de compras online de roupas, tênis e lanches, já que os sites da China apresentam reduções nos preços.
“Eu já escolhi mais de 50 itens para a minha lista”, disse Xue. “E posso comprar mais”.
Após começar como o “Dia dos Solteiros”, uma versão moderna chinesa do Dia dos Namorados, o dia 11 de novembro se transformou na maior desculpa do país para comprar -- e para que as empresas de comércio eletrônico inundem a internet com promoções.
Os sites administrados por empresas como Alibaba Group Holding Ltd., Suning Commerce Group e Tencent Holdings Ltd. estão reduzindo preços em 50 por cento ou mais, criando o cenário para que as vendas deste ano atinjam um recorde.
“É como o Cyber Monday dos EUA, mas maior”, disse Jean Chan, analista da Sanford C. Bernstein Co. em Hong Kong., em referência à segunda-feira após o feriado de Ação de Graças, quando as redes varejistas dos EUA oferecem grandes promoções online.
“Os clientes chineses adoram a emoção de conseguir uma boa compra e o comércio eletrônico garante acesso mais fácil para assegurar o melhor negócio”.
As vendas do Dia dos Solteiros da Alibaba, a maior empresa de comércio eletrônico do país, deverão subir 50 por cento e exceder 30 bilhões de yuans (US$ 4,9 bilhões), segundo um informe de 4 de novembro da Agência Xinhua News, que citou um encontro entre o fundador Jack Ma e o premiê Li Keqiang. As vendas da indústria chegarão a um recorde para o dia, prevê o IResearch Consulting Group.
Os caçadores de promoções do Dia dos Solteiros também se abastecerão com preços reduzidos em vasos sanitários American Standard, lustres de cristal, línguas de patos, vinhos franceses e bolachas de abacaxi. O Autohome.com.cn, um site chinês de carros, está prometendo ofertas especiais em BMWs.
Tijolos e cimento
As aquisições crescentes mostram como a demanda chinesa está deixando as lojas tradicionais, de tijolo e cimento. A porcentagem de vendas do varejo feitas online no ano passado saltou para 6,3 por cento, contra 4,3 por cento um ano antes, segundo o Bloomberg Industries. A participação de mercado das 100 maiores redes de lojas caiu de 11,2 por cento para 9 por cento, aponta o serviço.
Por enquanto, a Alibaba domina o comércio eletrônico na China. Ela respondeu por 70 por cento das entregas de pacotes na China no ano passado, disse Ma em uma carta publicada em fevereiro em um jornal de propriedade do State Post Bureau.
Ma enfrenta uma crescente concorrência de rivais que desejam uma maior participação dos lucros, que a Euromonitor International estima que atinja cerca de US$ 258,5 bilhões até o final de 2017.
A rival menor 360buy Jingdong Inc. começou a oferecer fraldas Pampers pela metade do preço em 1 de novembro e dará desconto de até 70 por cento em itens como cintos de emagrecimento e hidratantes faciais, segundo seu site.
A Suning, uma loja virtual varejista que começou a vender aparelhos elétricos, está publicando anúncios para vendas online a partir de 8 novembro com o slogan: “Quatro dias, quatro noites, compras sem parar”.
A concorrência de preço tem sido “termonuclear”, diz a Euromonitor.
“Frequentemente os varejistas operarão com perda para ganhar participação de mercado e há uma guerra de preços em andamento”, disse Daniel Latev, o chefe de pesquisa de varejo do grupo.
A longo prazo as redes tradicionais, como a operadora de lojas de departamentos Parkson Retail Group Ltd. e os shoppings Golden Eagle Retail Group Ltd., terão que oferecer mais opções de entretenimento para atrair consumidores, disse Kenny Wu, analista em Hong Kong da JI Asia.
O crescimento em lojas consolidadas, ou seja, existentes há mais de um ano, nas redes de departamentos da China desaceleraram para cerca de 5 por cento em 2012, contra mais de 18 por cento em 2010, à medida que os clientes se mudaram para a internet, disse ele.
“As pessoas agora estão buscando uma experiência de compras diferente”, disse Wu.