Mulheres: dia internacional foi instaurado em 1975 pela Onu (Susana Vera/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2019 às 06h42.
Última atualização em 8 de março de 2019 às 07h14.
Não só de questões de gênero viverão os protestos pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira. Do Brasil à Espanha, muitos atos e eventos acontecendo hoje acabam por refletir os momentos políticos locais, tanto nas ruas quanto nas redes sociais.
Tal qual nos últimos anos, mais de 100 países devem sediar atos no chamado #8M, o 8 de março. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975.
Neste ano, a Europa tem protestos em todas as principais cidades, mas um dos epicentros é a Espanha, com uma greve nacional convocada pelo segundo ano consecutivo. Com eleição marcada para abril, a Espanha vive a queda de seu sistema bipartidário, premiês que não se mantêm no cargo e a ascensão de partidos de direita — alguns cada vez mais extremistas, o que preocupa defensores dos direitos das mulheres.
Também em ano de eleição, a Argentina, que viu no ano passado a legalização do aborto ser barrada no Congresso, vai às ruas com o já conhecido mote do “Ni una a menos” (nenhuma a menos). O tema foi intensificado em 2016 após o feminicídio da jovem Lucía Pérez, de apenas 16 anos.
Já o autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó participa do Encontro Nacional de Mulheres na Venezuela. Na pauta, o fato de que 96% das venezuelanas que deixaram o país o fizeram para conseguir alimentos, segundo um estudo do Centro de Justicia y Paz feito entre novembro e dezembro do ano passado.
Por fim, no Brasil, atos estão marcados em mais de 20 cidades. Há muito contra o que protestar: o Brasil é o quinto país em casos de feminicídio, segundo a ONU, enquanto mulheres ganham menos que os homens em todos os cargos pesquisados em 2018 pelo site de empregos Catho.
Tema recorrente nos protestos deve ser o governo do presidente Jair Bolsonaro, com grupos feministas protestando contra pautas e discursos que chamam de conservadoras e machistas. Durante a campanha eleitoral, atos de mulheres foram marcados pela hashtag #EleNão, fazendo referência ao então presidenciável.
Um marco da junção entre política e igualdade de gênero foi a norte-americana Women’s March (marcha das mulheres, em inglês), cuja primeira edição marcou o início do mandato do presidente Donald Trump, em 2017. Nos anos que se seguiram, a marcha ganhou outras pautas (a maioria anti-Trump), como leis de imigração e restrição à posse de armas.
No Brasil, os protestos devem se alongar pelo fim de semana, com o último sopro de carnaval nas grandes cidades brasileiras.