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Dia da mentira na França não perdoa nem o primeiro-ministro

Autoridades lançarem sem pudor as mentiras mais incríveis em um dia do ano é uma tradição que começou em 1564

Dia da Mentira: "Um minuto de silêncio por todos os turistas que vão se perder", escreveu um internauta no Twitter (Jacques Demarthon / AFP)

Dia da Mentira: "Um minuto de silêncio por todos os turistas que vão se perder", escreveu um internauta no Twitter (Jacques Demarthon / AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 13h02.

Última atualização em 30 de março de 2017 às 16h05.

Paris — A polícia apresentou seu primeiro agente-gato, Marselha construirá sua própria Torre Eiffel, as estações de metrô de Paris mudaram de nome e um hacker revelou que o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, mantém relações sexuais antes de cada Conselho de Ministros.

Todas essas notícias foram publicadas nesta sexta-feira na imprensa francesa ou divulgadas por seus protagonistas, e todas têm um denominador comum: são brincadeiras para celebrar o primeiro de abril na França.

Autoridades lançarem sem pudor as mentiras mais incríveis em um dia do ano é uma tradição que começou em 1564, quando o rei Carlos IX da França anunciou que o ano começaria a partir de 1º de abril e não de 1º de janeiro.

Por causa do rei fanfarrão, já são mais de 400 anos em que países francófonos e anglo-saxões toleram mentiras hoje.

Fiel a seus próprios costumes, a França honrou hoje essa piada, e muitos parisienses se surpreenderam esta manhã ao ver que os cartazes das estações de metrô tinham mudado: "Ópera" por "Apero" (aperitivo), "Alexandre Dumas" por "Les Trois Mousquetaires" e "Pyrénées" por " Alpes".

"Um minuto de silêncio por todos os turistas que vão se perder", escreveu um internauta no Twitter sobre a palhaçada do RATP, o consórcio que explora o metrô parisiense.

Também a polícia se deu uma chance ao humor, oposto à tradicional seriedade militar e publicou no Twitter várias fotos de um adorável gatinho investigando possíveis pistas criminais.

"Aqui está Gigi, o primeiro gato-policial antidrogas da brigada felina para inspecionar os lugares até agora inacessíveis", escreveu a gendarmaria francesa em sua conta oficial, junto com um emoticon.

O jornal local "A Provença", demonstrando que as brincadeiras do dia que se conhece na França como "poisson d'avril" (pescaria de abril) estão profundamente arraigadas no jornalismo francês, anunciava a construção de uma segunda Torre Eiffel... em Marselha.

Se trataria, afirmava o redator, de um gesto simbólico em solidariedade à candidatura olímpica de Paris 2024.

A emissora "France Bleu", por sua vez, anunciou a iminente inauguração de um dispensador automático de bolachas suíças na estação ferroviária de Rennes, enquanto a "France 3 Sul-Pirineus" publicou que o pintor Pierre Soulages, de 96 anos, renunciava definitivamente a cor negra em suas telas por considerá-la "deprimente demais".

O site de investigação jornalística "Rue89", onde a fictícia jornalista Cerise Simet - pseudônimo que publica um texto nesse jornal todo ano em 1 de abril - noticiou que um hacker tinha entregado dados dos últimos três anos do telefone do primeiro-ministro, Manuel Valls.

Segundo essa informação voluntariamente fraudulenta, Valls seria um viciado nas estatísticas de seu 'smartphone', onde sistematicamente introduziria dados relativos às vitaminas que consome, os exercícios que faz, os degraus que sobe e seus hábitos sexuais.

"Seu telefone indica que todos seus coitos duram entre 7,42 e 8,13 minutos e acontecem, sem falta, todo sábado e toda quarta-feira de manhã... logo antes do Conselho de Ministros", brincou essa publicação digital no único dia do ano em que na França se pode escrever sobre quase tudo, seja verdade ou não.

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