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Devastada pela guerra, Aleppo prepara reconstrução gigantesca

Depois de quatro anos de combates e a retirada de milhares de rebeldes e civis, o governo anunciou a reconquista total da segunda cidade do país

Aleppo: na ex-capital econômica da Síria, mais de 50% das construções e infraestruturas ficaram parcial ou totalmente destruídas (Omar Sanadiki/Reuters)

Aleppo: na ex-capital econômica da Síria, mais de 50% das construções e infraestruturas ficaram parcial ou totalmente destruídas (Omar Sanadiki/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 10h22.

Há dois anos, Um Fayez não usa a máquina de lavar roupa por falta de eletricidade. Como todos os habitantes de Aleppo, aguarda com impaciência as obras de reconstrução de uma das cidades mais belas da Síria antes da destruição causada pela guerra.

"Lavamos na mão, mas a água é muito fria. Já não aguento mais", lamenta Fayez, 50 anos, sentada na escuridão, diante de uma pilha de roupa suja em sua casa no bairro central de Furqan.

Depois de quatro anos de combates e a retirada de milhares de rebeldes e civis, o regime anunciou no último dia 22 a reconquista total da segunda cidade do país.

Na ex-capital econômica da Síria, mais de 50% das construções e infraestruturas ficaram parcial ou totalmente destruídas, segundo uma avaliação preliminar otimista feita pela prefeitura.

O conflito provocou o deslocamento forçado da indústria, anunciou o famoso setor antigo e privou os habitantes de serviços básicos como luz e água.

"Oito milhões de dólares"

"Vendemos o aspirador. De que nos serve se não temos eletricidade?", questiona Um Fayez, que é mãe de dois meninos. Seu marido acaba de voltar de sua padaria, caminhando na escuridão com a ajuda de uma lanterna.

Os combates acabaram há dois anos com a principal central elétrica da região, a de Sfire, sudeste de Aleppo. Em todos os bairros é possível ouvir o zumbido de geradores, que são desligados a partir da meia-noite para poupar combustível.

Vão ser construídas novas linhas de alta tensão para trazer eletricidade da vizinha Hama, assegura uma fonte do ministério da Eletricidade.

As obras, que durarão entre seis meses e um ano e meio, custarão mais de 4 bilhões de libras sírias - oito milhões de dólares -, segundo esse funcionário.

Os habitantes também não têm água corrente, já que a principal estação de bombeamento de Suleiman al Halabi só funciona a um terço de sua capacidade.

"Forneceremos água a pelo menos 20% dos bairros de Aleppo. Antes da crise, alcançávamos 70%", lamenta Issa Korjé, mecânico-chefe da estação.

Em um país muito fragmentado pela guerra e seus múltiplos protagonistas, Aleppo enfrenta um problema a mais: a água chega m da represa do rio Eufrates, situada na vizinha província de Raqa, que é controlada pelos grupo Estado Islâmico (EI).

"Eles cortaram nosso fornecimento", explica o diretor do organismo encarregado da distribuição de água potável, Fajer Hamdo.

"Vida de novo em Aleppo"

Mas a prioridade da prefeitura é fazer desaparecer antes do final do ano a linha de demarcação que separava o setor oeste, nas mãos das forças governamentais, dos bairros orientais, controlados pelos rebeldes.

Escavadeiras retiram há vários dias os escombros das ruas para evitar que os habitantes tenham que continuar escalando obstáculos e pulando por sobre as crateras deixadas pelos morteiros.

"A prefeitura vai começar a limpar as principais ruas", indicou, por sua vez, oadministrador da cidade, Nadeem Rahmun. "Vamos devolver vida a Aleppo e permitir a volta do comércio e da interação social".

No setor antigo, famoso por abrigar o maior mercado coberto do mundo e uma importante cidadela, está sendo realizado um meticuloso trabalho de retirada de escombros para começar a reconstrução.

E no bairro central de Akiul, alguns habitantes não escondem a alegria de ver como as escavadeiras destroem as barricadas.

"Há alguns dias, vim ver o estado da casa de meu irmão", conta Abdel Jawad Nashed, de 32 anos. "Levei uma hora e meia, pois tive de escalar pequenos montes de terra".

Hoje fez o mesmo trajeto em dez minutos. "Está mais fácil sem barricadas", explica.

Um entusiasmo compartilhado por Zakaria, de 42 anos, dono de uma loja de móveis.

"Graças a Deus as ruas já não cortadas entre os bairros do leste e oeste. Aleppo está unida de novo", conclui.

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