Apoiadoras de Donald Trump fazem 'selfie' antes de um comício do ex-presidente em Waco, Texas, 25 de março de 2023 (Moisés ÁVILA/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 25 de março de 2023 às 16h52.
De "não é grande coisa" a "todo presidente teve uma amante". Em Waco, Texas, os apoiadores de Donald Trump apresentam argumentos diferentes para respaldar seu líder, investigado por pagamentos a uma atriz pornô, e o querem de volta à Casa Branca.
Nos arredores do aeroporto de Waco, onde o ex-presidente republicano, de 76 anos, inicia sua campanha de olho nas presidenciais de 2024, o clima é de festa, com música nas alturas e cerca de 20 tendas com produtos dirigidos a seus simpatizantes, entusiasmados por vê-lo novamente no palanque.
O ex-presidente chega ao Texas após ter dito que seria detido em Nova York - o que não ocorreu - devido ao pagamento de 130 mil dólares (cerca de R$ 560 mil) que fez à atriz pornô Stormy Daniels antes das presidenciais de 2016, para que ela ficasse em silêncio sobre um suposto caso amoroso que poderia afetar suas chances de chegar à Casa Branca.
A procuradoria de Manhattan investiga se o ex-presidente violou as normas de financiamento de campanha, o que pode lhe render uma acusação criminal.
Bonés com o lema "Make America Great Again" (Fazer os Estados Unidos grandes de novo) e bandeiras com a inscrição "Trump 2024", "Trump Girl" (Garota Trump) são abundantes. Também pode-se ver um cartaz grande que diz "Democrats are Comunists" (Os democratas são comunistas), embora um ou outro produto à venda traga a etiqueta "Made in China" (Feito na China).
Também há camisetas com o desenho de um rifle e a mensagem "Eu apoio a Segunda Emenda e sou orgulhoso disso", em alusão à norma constitucional que apoia o porte de armas no país. Os estacionamentos estão abarrotados e efetivos policiais garantem a segurança.
Em todos os pontos de venda são muitas as camisetas com a mensagem "Deus, armas, Trump em Waco, Texas".
Waco, "epicentro do movimento patriótico", como a chamam os apoiadores de Trump, é o antigo reduto do grupo religioso Branch Davidians (Ramo Davidiano), agora chamado "The Lord Our Righteousness" (O Senhor da Nossa Retidão). Trump visita a cidade durante um aniversário controverso.
Em 1993, o mundo acompanhou durante 51 dias, entre o fim de fevereiro e meados de abril, o sítio do FBI a um rancho dos Branch Davidians em Waco, no qual tinham se entrincheirado apoiadores armados do então líder David Koresh.
Setenta e seis membros da seita, inclusive Koresh e 20 crianças, foram encontrados mortos depois do incêndio no rancho. Quatro policiais também morreram durante confrontos com seus seguidores semanas antes. No local da tragédia, onde agora se ergue um memorial, tremulam bandeiras com a frase "Trump 2024".
O atual pastor dos Branch Davidians, Charles Pace, na casa dos 70 anos, acredita que os inimigos de Trump são os mesmos que David Koresh enfrentou.
"David Koresh se deparou com isso há 30 anos. E o mataram há 30 anos (...) Livraram-se dele porque não queriam que os delatasse (...) Donald Trump está indo atrás deles em todo o mundo", comenta.
Louis, um aposentado de 72 anos, chegou ao comício para acompanhar o neto, de 16 anos. "Ele é fã de Trump, ainda não pode votar, mas quer se expressar, e eu o apoio", afirma.
Embora ainda não tenha decidido em quem vai votar nas eleições de 2024, ele não acredita que as acusações contra Trump sejam para tanto. "Todo presidente teve uma amante. Por que não ele?", acrescenta.
Entre os presentes há jovens como Zach, de 18 anos, que garante que o presidente democrata Joe Biden não está fazendo muito pelo país, que enfrenta inflação e tensões por apoiar a Ucrânia, afirma. Ele acha que Trump não fez nada de errado.
"Acredito que Trump deu o dinheiro a ela corretamente (...) Não o fez através de seu dinheiro de campanha, o fez com seu dinheiro pessoal", assegura.
Enquanto isso, Michele, uma mulher negra de 54 anos, examina alguns produtos à venda. "Não acho que vão detê-lo, não seria uma jogada inteligente se o fizerem. Tudo é um teatro político, enquanto o sistema bancário do país desmorona (...) Vão detê-lo, por que? Por um erro? É certo pagar a alguém para que se cale", afirma ela.
Perto da fila na entrada, Julie, que veio de Tyler, também no Texas, diz que o caso de Stormy Daniels "não é grande coisa. Ela apareceu do nada para ver quanto dinheiro poderia conseguir" de Trump.
Enquanto isso, Sherry, de 55 anos, também do Texas, e usando um chapéu de caubói com o nome "Trump" estampado, considera que o que dizem sobre os seu líder são "bobagens".