Destroços do voo MH17 da Malaysia Airlines: funcionários da autoproclamada república de Donetsk começaram o trabalho em área controlada pelos separatistas pró-russos (Bulent Kilic/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2014 às 09h43.
A recuperação dos destroços do Boeing da Malaysia Airlines, abatido em julho sobre o leste da Ucrânia, começou neste domingo, quatro meses após a tragédia que provocou 298 mortes.
Funcionários da autoproclamada república de Donetsk começaram o trabalho cortando os grandes pedaços com a ajuda de uma serra de metal perto da aldeia de Grabove, em uma área controlada pelos separatistas pró-russos, de acordo com um jornalista da AFP. As primeiras partes foram levantadas por um guindaste e colocadas no reboque de um caminhão.
"Esperamos terminar a operação em 10 dias", declarou uma autoridade separatista na presença de jornalistas. "Começamos com as peças maiores e vamos continuar com as menores".
O voo MH17, que fazia o trajeto Amesterdã-Kuala Lumpur, foi atingido possivelmente por um míssil em 17 de julho quado sobrevoava uma área sob controle separatista no leste da Ucrânia.
Os detritos devem ser transferidos para a Holanda - país com o maior número de vítimas, 193 - para serem examinados pelo Bureau de Investigação e Segurança (OVV), encarregado de investigar as causas da tragédia.
A Ucrânia e o Ocidente afirmam que o avião foi abatido por um míssil terra-ar fornecido pela Rússia aos separatistas pró-russos. Moscou nega e acusa as tropas ucranianas.
Depois da tragédia, americanos e europeus reforçaram suas sanções contra a Rússia.
Em um primeiro relatório de 9 de setembro, o OVV considerou que o Boeing 777 havia sido perfurado em pleno voo por "projéteis de alta energia", sem confirmar a teoria do míssil. Um relatório final está previsto para o verão de 2015.
Restos humanos
A recuperação dos destroços foi muito adiada em parte devido a insegurança em uma região onde os combates entre as forças de segurança ucranianas e os separatistas são frequentes, apesar de uma trégua assinada por ambos os lados em 5 de setembro.
Os combates, normalmente ouvidos a cerca de quinze quilômetros do local da queda, no entanto, pararam na manhã deste domingo, informou a AFP.
As operações de evacuação foram realizadas em meio a um forte nevoeiro e muito frio por quinze funcionários do ministério das Situações de Emergência das autoridades separatistas sob a supervisão de especialistas holandeses, com coletes à prova de balas e jaquetas amarelas fluorescentes, e observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em casacos azuis e capacetes brancos.
O chão estava coberto de destroços. Pedaços de fuselagem, um assento, uma peça de motor eram especialmente visíveis na zona guardada por separatistas armados.
"Nós não sabemos ainda se todos os restos da carcaça serão levados à Holanda", declarou Wim van der Weegen, um porta-voz do OVV, à AFP, em Haia.
"Temos de levar em conta que a área de busca é muito grande. Temos uma lista que identifica as peças mais importantes para a investigação e são essas que têm a prioridade", acrescentou ele, sem querer estender sua natureza.
Muitos restos humanos e objetos pessoais das vítimas foram recolhidos anteriormente. Até agora, os restos mortais de 289 vítimas foram identificadas e o ministro das Relações Exteriores holandês, Bert Koenders, alertou que os restos de outras nove pessoas podem nunca ser encontrados.
"Se os restos humanos forem encontrados durante as operações, serão, naturalmente, recuperados", garantiu Weegen.