Desmond Tutu deveria participar de uma conferência da Cúpula de Liderança da empresa sul-africana Discovery Invest amanhã em Sandton (Daniel Berehulak/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2012 às 07h54.
Johanesburgo.- O arcebispo emérito sul-africano e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1984, Desmond Tutu, se recusou a participar de uma conferência em Johanesburgo junto com o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, devido à sua participação na guerra do Iraque, iniciada pelos Estados Unidos em 2003.
"O arcebispo dedicou muito tempo nos últimos dias a lutar com sua consciência e consultou pessoas de sua confiança para decidir se devia comparecer ou não à conferência", afirmou o escritório de Desmond Tutu em comunicado divulgado nesta quarta-feira pelo jornal sul-africano 'Times'.
'Finalmente, o arcebispo considerou que a decisão de Blair de apoiar a invasão americana do Iraque, com base na suposta existência de armas de destruição em massa, é moralmente indefensável', assinala o texto.
Desmond Tutu deveria participar de uma conferência da Cúpula de Liderança da empresa sul-africana Discovery Invest amanhã em Sandton, distrito financeiro de Johanesburgo, ao lado de Blair e do campeão de xadrez e ativista político russo, Garry Kasparov.
"O arcebispo lamenta profundamente as inconveniências e a decepção dos organizadores", concluiu o escritório de Tutu.
A visita à África do Sul de Blair despertou também a rejeição de parte da comunidade muçulmana do país, devido à participação do Reino Unido na invasão do Iraque em 2003.
O partido muçulmano Al Jama-ah anunciou na segunda-feira passada que se manifestará amanhã em frente ao centro de conferências de Sandton durante o discurso do ex-primeiro-ministro britânico.
O líder desse partido, Ganief Hendricks, assegurou ao 'Times' que algum dos ativistas tentarão capturar Blair para 'levá-lo ao tribunal de Haia'.
O site "Prendam Blair" (arrestblair.org) ofereceu uma recompensa para quem conseguir deter o ex-primeiro-ministro do Reino Unido. Ativistas já tentaram prendê-lo na China, no Parlamento Europeu em Estrasburgo e em Dublin.