O ex-presidente do Suriname Desi Bouterse em Paramaribo, em 5 de janeiro de 2023 (Ranu Abhelakh/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 25 de dezembro de 2024 às 13h56.
O ex-presidente do Suriname, Desi Bouterse, faleceu aos 79 anos, conforme anunciado pelo governo nesta quarta-feira, 25 de dezembro. Bouterse estava foragido desde 2023, após ser condenado a 20 anos de prisão pelas execuções de 15 opositores em 1982.
“Estamos aguardando informações mais detalhadas e definitivas dos canais oficiais. Gostaríamos de oferecer nossas mais profundas condolências à esposa, aos filhos e a outros familiares sobreviventes por essa perda”, declarou o presidente atual, Chan Santokhi, em comunicado oficial.
Muito popular no Suriname, Desiré Delano Bouterse, conhecido como Desi Bouterse, ascendeu ao poder aos 34 anos após liderar um golpe militar em 1980. Como sargento-mor do exército, ele consolidou sua posição como chefe de estado, mas renunciou sob pressão internacional em 1987.
Bouterse voltou ao poder em 1990 por meio de um novo golpe, mas permaneceu no cargo por apenas um ano. Em 2010, foi eleito presidente pelo voto popular, liderando o país até 2020.
O ex-presidente foi condenado em dezembro de 2023, em última instância, por envolvimento direto nas execuções de advogados, jornalistas, empresários e militares, conhecidos como os assassinatos de dezembro de 1982. Desde então, ele havia entrado na clandestinidade, alegando perseguição política e conspirando que a Holanda estava por trás das acusações.
Rumores sobre sua morte começaram a circular na madrugada de 24 de dezembro, após uma breve doença enquanto estava em seu esconderijo. Às 6h50 (horário local), o médico Rabindernath Khoenkhoen confirmou sua morte.
O corpo de Bouterse foi levado para sua residência em Paramaribo, onde familiares e apoiadores do Partido Democrático Nacional (NDP), fundado por ele, se reuniram para homenagens.
“Embora tenhamos perdido um grande líder, seu legado continua sendo um farol para nosso trabalho”, afirmou a presidente do partido em uma declaração nas redes sociais.
Mesmo após sua morte, o legado de Desi Bouterse permanece polarizado. Para seus apoiadores, ele foi um visionário que lutou por um Suriname mais forte e unido. Para os críticos, seu governo foi marcado por abusos de poder, tráfico de drogas e um histórico de violência política.
Além de sua condenação por assassinato, a Interpol emitiu um mandado de prisão contra ele em 1999, após uma condenação na Holanda por tráfico de cocaína. No entanto, enquanto estava no poder, sua condição de governante impediu a extradição.
Com sua partida, o Suriname fecha um capítulo turbulento de sua história política, mas as cicatrizes do passado ainda ecoam na memória coletiva da nação.