Trem descarrilado em Ohio: fumaça tóxica preocupa moradores (DUSTIN FRANZ / AFP/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 13 de fevereiro de 2023 às 15h59.
Um trem que descarrilou no estado de Ohio, nos Estados Unidos, gerou uma nuvem de fumaça tóxica que tem aterrorizado moradores da região. O caso ocorreu no pequeno vilarejo de East Palestine, no nordeste do estado e com menos de 5 mil habitantes. Ainda assim, acendeu um alerta de contaminação nos arredores e até no estado vizinho, a Pensilvânia.
O trem de carga transportava uma carga de cloreto de vinila e descarrilou ainda no dia 3 de fevereiro. Depois de descarrilar, uma névoa potencialmente tóxica e odores intensos foram registrados na terça-feira, 7, e agora motivam de processos judiciais e uma preocupação das autoridades com possíveis contaminações. Além da fumaça tóxica, chegou-se a cogitar que o trem poderia explodir.
Moradores têm criticado as empresas envolvidas e as autoridades por uma falta de informações sobre a toxicidade do caso. Milhares de pessoas têm deixado suas casas nas regiões próximas, e os que permanecem nos locais próximos, segundo agências internacionais, se queixam de que autoridades, até o momento, não têm apontado se devem ou não deixar o local, gerando incerteza.
Dois residentes do estado da Pensilvânia entraram com uma ação federal contra a Norfolk Souther, empresa responsável pelo trem que descarrilou na linha, chamada de "Ohio-Pensilvânia". O processo pede que a empresa garanta monitoramento de saúde para os residentes dos dois estados.
Se a ação for julgada procedente, a operadora ferroviária teria que pagar pelo exame médico e cuidados relacionados a qualquer pessoa em um raio de até 48 km do local do descarrilamento para determinar quem foi afetado pelas substâncias tóxicas liberadas.
A contaminação das águas também é uma preocupação. Em paralelo, uma concessionária de água da Virgínia Ocidental, estado vizinho, está aprimorando o processo de tratamento de água como precaução após o descarrilamento.
A West Virginia American Water disse no domingo, 12, que instalará uma entrada secundária no rio Guyandotte, caso haja necessidade de mudar para uma fonte alternativa de água. A concessionária observou, no entanto, que não houve nenhuma alteração na água bruta na captação do rio Ohio.
Os reguladores ambientais têm monitorado o ar e a água nas comunidades vizinhas e disseram que até agora a qualidade do ar permanece segura e o abastecimento de água potável não foi afetado. Mas alguns moradores reclamaram de dores de cabeça e mal-estar desde o descarrilamento.
Cerca de 50 vagões, incluindo 10 transportando materiais perigosos, descarrilaram no dia 3 de fevereiro em Ohio. Ninguém ficou ferido no descarrilamento que os investigadores disseram ter sido causado por um eixo quebrado.
Três dias após o acidente no entanto, as autoridades decidiram liberar e queimar cloreto de vinila dentro de cinco vagões-tanque, lançando no ar cloreto de hidrogênio e o gás tóxico fosgênio. A companhia ferroviária Norfolk Southern advertiu que a operação poderia liberar vapores "mortais caso inalados".
Em um comunicado publicado do gabinete do governador de Ohio, Mike DeWine, na semana passada, afirmava-se que "o conteúdo de cloreto de vinila de cinco vagões é atualmente instável e poderia explodir".
O cloreto de vinila (ou de "vinil") é um gás incolor, utilizado em uma variedade de produtos plásticos e materiais de embalagem. Um uso conhecido é na produção de PVC (chamado oficialmente de resina policloreto de vinila), usado como revestimento de tubos, por exemplo.
O risco é que, quando queimado, pode criar fosgênio, uma substância altamente tóxica. A substância chegou até mesmo a ser utilizada como arma química na Primeira Guerra Mundial.
A exposição aguda, por curto período, ao cloreto de vinila também pode resultar em efeitos no sistema nervoso central. Já a exposição crônica, por longos períodos, pode resultar em efeitos no sistema nervoso e danos ao fígado. A substância é classificada como cancerígena para o ser humano pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), podendo causar câncer de fígado, segundo estudos epidemiológicos.
(Com informações de Estadão Conteúdo e agências internacionais)