Policiais na Irlanda do Norte: Sinn Féin era braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (Peter Muhly/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2014 às 14h10.
Dublin - O presidente do Sinn Féin, Gerry Adams, elogiou nesta sexta-feira a "histórica iniciativa" tomada pela ETA de maneira "unilateral" para "inutilizar uma quantidade substancial" de seus arsenais e "dar um primeiro passo rumo ao desarmamento completo", ao tempo que pediu gestos dos governos espanhol e francês.
Em comunicado, o líder do antigo braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA) considerou que a decisão do grupo é de "vital importância" e representa um "avanço significativo no processo de paz basco".
"Estou convencido de que são sérios em relação à paz e esta é outra prova de seu compromisso com a via pacífica e democrática", assinalou Adams, lembrando os esforços realizados para reproduzir no País Basco "o sucesso do processo de paz irlandês".
O dirigente nacionalista destacou que, desde a assinatura dos acordos de paz da Irlanda do Norte em 1998, o Sinn Féin esteve "envolvido" na construção de um processo nessa região espanhola.
Após ressaltar o "arrasador apoio" da sociedade basca em relação à "resolução do conflito", Adams disse que os Governos espanhol e francês têm "a responsabilidade" de "responder positivamente" ao anúncio do apelo da Comissão Internacional de Verificação (COM).
Dois encapuzados da organização terrorista ETA apresentaram armas e munição aos denominados verificadores internacionais, antes de colocá-las fora de uso, segundo um vídeo divulgado pela emissora pública britânica "BBC".
As imagens foram transmitidas depois que a COM anunciou hoje que a ETA colocou "fora de uso operacional" parte de seu armamento, que detalhou em um inventário.
Adams opinou que qualquer processo de paz precisa de "atenção constante e estímulos", assim como da "participação ativa e positiva de todas as partes".
Entre as medidas destinadas a gerar "confiança", o presidente do Sinn Féin considerou que seria um "grande passo a libertação" de dirigentes abertzales (independentistas bascos) como Arnaldo Otegi.
"Os Governos espanhol e francês também devem acabar com a política de dispersão, uma medida arbitrária que se aplica aos presos bascos, e levá-los para prisões próximas a seus familiares", assinalou.
Na opinião de Adams, "estas e outras medidas" teriam muita influência na hora de "reforçar o processo e dar passos rumo à desmilitarização e reconciliação nacional".
A ETA anunciou no dia 20 de outubro de 2011 "a cessação definitiva de sua atividade armada", cinco décadas após sua criação e após ter assassinado mais de 850 pessoas em sua luta pela independência do País Basco.