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Analistas estimam que discussões podem levar ao menos 30 horas e durar até dias, mas resultado ainda é incerto (Tomas Cuesta/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 19h20.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 19h29.
O Congresso argentino iniciou, nesta quarta-feira, o debate de um pacote de reformas ultraliberais proposto pelo presidente Javier Milei que, após três semanas de negociações complicadas, conseguiu o apoio condicional de aliados e de parte da oposição. A sessão teve início por volta das 10h da manhã, mas ainda está em andamento. Analistas estimam que as discussões podem levar ao menos 30 horas e durar até dias. O resultado ainda é incerto.
A sessão foi aberta com 137 deputados presentes — a minoria governista, que ocupa 38 das 257 cadeiras, precisava de um quórum mínimo de 129 parlamentares da Câmara baixa do Congresso para validar a sessão e começar a votar a chamada "Lei Ônibus", que contém mais de 500 artigos. Os blocos da chamada "oposição dialoguista" confirmaram sua presença, mas somente o PRO do ex-presidente conservador Mauricio Macri garantiu que "apoiará tudo" no projeto de lei.
"Chegamos a um acordo e a norma geral será sancionada", disse, antes da sessão, o deputado ultraliberal José Luis Espert, da base do governo, sobre as reformas do projeto.
A oposição, porém, antecipou publicamente que o projeto sofreria mudanças em vários capítulos e, de fato, a discussão começou com os governistas enumerando uma longa lista de quase 150 artigos retirados do texto original. Já a bancada peronista, que governou até dezembro, e a minoria de esquerda — um total de 104 deputados — rejeitam totalmente o projeto, que declara emergência econômica, energética, sanitária e de segurança, e dá poderes extraordinários ao governo para driblar o controle do Congresso.
"Isso não é uma lei, isso é um cambalacho", declarou a deputada e ex-candidata presidencial esquerdista Myriam Bregman no começo da sessão.
Primeiro, o projeto será votado como um todo e, em seguida, pelo menos 170 artigos contestados pelos diferentes blocos de oposição durante as comissões plenárias serão tratados individualmente. O resultado final dependerá da votação “artigo por artigo” da lei, momento em que várias reformas-chave podem ser rejeitadas, como os poderes discricionários reivindicados por Milei e a lista de empresas públicas que ele quer privatizar, entre outras.
Uma vez aprovado, o projeto de lei seguirá para o Senado, onde o governo tem apoio de apenas 7 dos 72 senadores, mas também espera contar com os mesmos aliados que conquistou na Câmara baixa. Se o Senado introduzir alterações, o texto terá que retornar à Câmara dos Deputados.
"Há diferenças com relação a alguns dos artigos que ainda estão sendo objeto de negociação, que os governistas provavelmente terão dificuldades para aprova", avaliou o deputado Martín Tetaz, da centrista União Cívica Radical (UCR), um bloco de 34 legisladores que votará a favor da aprovação do texto em geral.
Para garantir a aprovação da lei, o governo retirou um "capítulo fiscal" do projeto, com o qual buscava assegurar o "déficit zero", mas que foi contestado por opositores, aliados e governadores de províncias afetadas pelas mudanças.
Também abriu mão de alterações no sistema previdenciário, que afetariam a atualização periódica da renda de quase seis milhões de aposentados, depreciada pela inflação.
Mas a oposição ainda contesta a extensão e o alcance dos "poderes delegados" discricionários que Milei demanda para introduzir mais reformas por via executiva sem controle do Congresso, e pode barrá-los na votação artigo por artigo.
A privatização total ou parcial de 41 empresas públicas, consideradas pela oposição estratégicas para os interesses nacionais, é outro ponto que gera intenso debate e pode ser reduzido ou eliminado.
O texto original da Lei Ônibus garantiria a Milei um corte nos gastos públicos de cerca de 5% do PIB, promessa que agora ele afirma alcançar com outras medidas de ajuste, como a diminuição das transferências para as províncias.
Os blocos opositores que apoiaram o governo anteciparam seu apoio às controversas mudanças na regulamentação de manifestações de rua, leis sobre florestas, geleiras e manejo do fogo, reformas no mercado de energia, e a eliminação ou redução de entidades públicas culturais e dedicadas à luta contra a discriminação, entre outras.
Desde que assumiu a Presidência, há 50 dias, Milei concentrou suas reformas na Lei Ônibus e em um mega decreto, com os quais pretende redefinir o sistema econômico e modificar centenas de normas e leis, visando reverter uma crise que mantém mais de 45% dos argentinos na pobreza, com uma inflação anual de 211% em 2023.
Milei já avançou com uma desvalorização do peso em 50% e a liberação de todos os preços da economia, acelerando a inflação para 25,5% em dezembro. Além disso, resgatou o programa de crédito de US$ 44 bilhões (R$ 217,3 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que elogiou esses primeiros ajustes, mas previu uma recessão de 2,8% na economia argentina em 2024. Após ser eleito, Milei reconheceu que o país entraria em uma fase
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