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Deputada expulsa volta a Caracas em meio à ofensiva judicial

María Corina Machado foi suspensa de seu cargo pela Assembleia Nacional depois de participar como representante do Panamá de uma reunião da OEA


	A deputada venezuelana María Corina Machado: "cada novo atropelo confirma ao mundo que há ditadura na Venezuela", escreveu no Twitter 
 (Juan Barreto/AFP)

A deputada venezuelana María Corina Machado: "cada novo atropelo confirma ao mundo que há ditadura na Venezuela", escreveu no Twitter  (Juan Barreto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2014 às 07h18.

Caracas - A deputada venezuelana María Corina Machado, suspensa de seu cargo pela Assembleia Nacional depois de participar como representante do Panamá de uma reunião da OEA, retorna nesta quarta-feira a Caracas em plena ofensiva judicial do chavismo contra a oposição.

María Corina, uma engenheira de 46 anos que nas legislativas de 2010 foi uma das deputadas mais votadas, retorna em um voo de Lima e convocou para a tarde desta quarta-feira seus simpatizantes a uma praça do leste de Caracas para responder ao Legislativo, que primeiro a acusou da violência política do último um mês e meio na Venezuela e depois a destituiu do cargo.

"A ira provocada pelo regime, que está perdido, leva a cometer graves erros. Cada novo atropelo confirma ao mundo que há ditadura na Venezuela", escreveu no Twitter a deputada, que, segundo o presidente do Legislativo e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, perdeu sua imunidade parlamentar e pode ser detida pela Justiça.

"Não temos informação de alguma ordem de detenção contra a deputada", informou à AFP um de seus advogados, José Amalio Graterol.

A convocação foi marcada para a Praça Brión, palco há mais de um mês do grande ato de entrega à Justiça de Leopoldo López, máximo expoente da oposição radical, acusada pelo chavismo de fomentar a violência nos protestos vividos pelo país desde 4 de fevereiro, com um saldo de ao menos 34 mortos e mais de 400 detidos.

López, um jovem economista educado em Harvard que agora passa seus dias em uma pequena cela de uma prisão militar nos arredores de Caracas, e Machado são os principais impulsionadores da "Saída", a tática que promove forçar a saída constitucional do jovem governo de Nicolás Maduro com protestos nas ruas contra a insegurança e as galopantes inflação e escassez no país que tem as maiores reservas de petróleo do mundo.


Iniciados por estudantes em San Cristóbal (oeste) no dia 4 de fevereiro e estendidos a todo o país, semeando o caos e a violência em vários pontos, os protestos foram perdendo força nas últimas semanas, embora ainda existam alguns focos com episódios esporádicos de violência que aumentam cada vez mais o número de falecidos.

Nesta quarta-feira, grupos de manifestantes queimaram lixo em algumas ruas dos bairros de Altamira e Chacao, no leste de Caracas, onde foram dispersados pela Guarda Nacional com bombas de gás lacrimogêneo.

Maduro considera que os protestos são um "Golpe de Estado em desenvolvimento" orquestrado pela oposição em aliança com a ultradireita dos Estados Unidos e da Colômbia, uma acusação que reiterou várias vezes em seus quase doze meses de governo.

Ex-chanceler conciliador

Conhecido por sua natureza conciliatória quando era chanceler durante o governo do falecido líder Hugo Chávez, Maduro respondeu em parte com firmeza aos protestos: López e os prefeitos presos, dezenas de estudantes detidos e 60 investigações por abusos policiais.

Na terça-feira, anunciou a detenção de três generais da Força Aérea que, segundo ele, pretendiam "se rebelar contra o governo legitimamente constituído" e os acusou de ter vínculos com a oposição.

As identidades dos três generais detidos não foram divulgadas pelo governo ou pelas Forças Armadas do país, que insistiram em um comunicado divulgado nesta quarta-feira em sua unidade "monolítica".

"Foi apresentada uma situação com três (03) oficiais generais, e imediatamente depois de ser detectada foram tomadas ações (...) de acordo com as instruções do Comandante em Chefe Nicolás Maduro", afirma a nota oficial do alto comando das Forças Armadas.

Mas apesar das detenções, o comunicado garante que "as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas permanecem monolíticas" e mantêm a "convicção democrática".


Por outro lado, o presidente convoca há semanas estudantes e líderes opositores a se somarem "à conferência nacional de paz" iniciada com vários setores da sociedade.

Mas os estudantes e a grande maioria dos opositores se negam a participar até que, entre outras coisas, o governo liberte os detidos.

Possibilidade de diálogo

O secretário da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo, confirmou nesta quarta-feira a abertura da oposição a um diálogo com o governo venezuelano, depois de se reunir com chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) em Caracas.

"Ratificamos que estamos dispostos a um diálogo transparente, equilibrado, igualitário, que seja público (...), que tenha a presença de um terceiro de boa-fé - nacional, ou internacional -, que sirva de fiador, de facilitador e, se for necessário, de mediador", explicou Aveledo, em entrevista à emissora de televisão local Globovisión.

Uma missão de chanceleres da Unasul visita a Venezuela desde ontem, terça, a pedido do presidente Maduro para "fortalecer" o diálogo político após oito semanas de protestos. A visita foi acertada em uma reunião extraordinária do bloco sub-regional em 12 de março passado, em Santiago.

Desde o início dos protestos contra o governo, em 4 de fevereiro, Maduro convocou diferentes setores a iniciar um diálogo nacional. A oposição e o movimento, que lideram as manifestações, negam-se a participar do debate, enquanto houver líderes opositores e estudantis detidos.

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