A CPI foi criada no dia 24 de abril, mas correu o risco de não sair do papel por causa de resistências da base do governo (Roosewelt Pinheiro/Abr)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2012 às 18h28.
Brasília - Para a deputada distrital, Celina Leão (PSD), a criação de um grupo de delegados da Polícia Civil para investigar as denúncias de escutas ilegais no governo do Distrito Federal (GDF) foi uma forma de “esvaziar” a CPI da Arapongagem. Para Celina, o grupo especial, criado por meio de decreto pelo governador do DF, Agnelo Queiroz, deveria ter começado a apuração há mais tempo.
“Com a [Comissão Parlamentar de Inquérito da Arapongagem] CPI para ser instalada, vejo isso [a criação do grupo de delegados] como uma forma de esvaziar os trabalhos da comissão. O que seria correto era a Polícia Civil trabalhar junto com os deputados que fazem parte da comissão de inquérito”, disse.
Ontem (11), o Diário Oficial do Distrito Federal publicou um decreto assinado por Agnelo, criando um grupo de trabalho de delegados da Polícia Civil para acompanhar investigações policiais e reunir informações sobre a prática de crimes contra a administração pública e acessos ilícitos à comunicação e dados eletrônicos.
A deputada, que faz parte da CPI da Arapongagem, disse que a comissão não é contra o governo Agnelo, mas “contrária as supostas ações de escutas ilegais”. Ela informou que a comissão deverá se reunir no plenário da Casa na terça-feira (15) para decidir quem será o relator e o presidente da CPI. Celina disse que vai se candidatar a um dos dois cargos. “Como fui uma das autoras do requerimento de criação da CPI, posso pedir um dos cargos.”
Questionada se teme que a base do governo, que têm maioria na CPI (quatro dos cinco deputados que fazem parte da comissão), poderia esvaziar as reuniões, Celina disse que isso certamente comprometeria os trabalhos da comissão.
“Se a Câmara Legislativa fizer isso, compromete sua imagem diante do povo. Se os parlamentares se negarem [a participar] eles estão dando um atestado de culpa”, disse. “Não acredito que os parlamentares vão correr do plenário [durante a reunião da CPI]”.
No início da semana, o presidente do PT na Câmara Legislativa, deputado Chico Vigilante, havia dito que a CPI “não tem poderes, não têm mecanismos e não têm meios de promover a investigação.” “A polícia é que têm mecanismos para promover e é ela quem deve fazer a investigação”, afirmou.
A CPI foi criada no dia 24 de abril, mas correu o risco de não sair do papel por causa de resistências da base do governo. O PT orientou a bancada a não assinar o requerimento de criação. Segundo deputados do partido, a comissão pode gerar desgaste ainda maior para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O único distrital, entre os cinco do PT, que assinou o requerimento de criação da CPI foi o presidente da Casa, Patrício.
Segundo informações divulgadas na imprensa, assessores do governador do DF apareceram em conversas gravadas pela Polícia Federal com pessoas ligadas à Construtora Delta, que tem contrato para recolhimento do lixo no DF.
A Construtora Delta é acusada de ter ligações com o empresário suspeito de comandar esquema de jogos ilegais, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está no Presídio da Papuda, em Brasília.