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Depois de 20 meses, o silêncio se rompe no Oriente Médio

Apesar de uma aparente boa vontade entre Israel e Palestina, autoridades próximas às negociações admitem que é difícil ser otimista sobre o acordo de paz imediato

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas (à esquerda), e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca (Tim Sloan/AFP)

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas (à esquerda), e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca (Tim Sloan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2010 às 11h48.

Washington - Após quase dois anos de silêncio, israelenses e palestinos retomam nesta quinta-feira as negociações diretas em Washington. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, se reuniram na véspera com o presidente Barack Obama - o mediador - para prepararem o início das conversas. Segundo Obama, ambos "querem a paz". "Estou esperançoso. Com certa cautela, mas esperançoso", disse.

Apesar de uma aparente boa vontade de ambos os lados, autoridades próximas às negociações admitem que é difícil ser otimista sobre o acordo de paz imediato entre israelenses e palestinos. Porém, os EUA acreditam que ao menos seja estabelecido um segundo round de conversações em um futuro próximo, em outro local. A ideia é que o contato entre as partes dependa cada vez menos da mediação americana - nas últimas cinco negociações diretas, todas tiveram um presidente dos Estados Unidos como mediador.

Na quarta-feira, Obama reiterou a posição americana de manter uma solução de dois estados, que acabe com a ocupação israelense dos territórios palestinos iniciada em 1967 e permita a criação de um estado palestino que conviva em paz e harmonia com Israel e com os demais países vizinhos. O processo de paz na região se arrasta há 62 anos. Em 2008, quando ocorreram as últimas conversas diretas, Israel lançou uma grande ofensiva militar contra a faixa de Gaza, deixando 1.400 mortos, em sua maioria civis.

Estados Unidos
Barack Obama está profundamente envolvido no processo de paz no Oriente Médio, já que conquistar um acordo é uma das principais metas de sua administração em política externa. Dar tanta importância aos assuntos internacionais poderia, no entanto, representar um risco para o presidente, que enfrentará em novembro as eleições legislativas de metade do mandato, que decidirão sua margem de manobra na Casa Branca.

Para especialistas, os americanos poderiam vê-lo desinteressado com os problemas do país, num momento em que as cifras do desemprego prosseguem obstinadamente elevadas e a economia apresenta novos sinais de fraqueza. Os republicanos apostam nisto, para ganhar votos em cima do descontentamento dos americanos.

A imagem de Obama também pode ficar abalada entre os cristãos, por seu envolvimento enfático com as negociações e a defesa da criação de um estado palestino. Um levantamento recente realizado pelo Pew Research Center mostrou que apenas um terço dos americanos acertou a religião do presidente americano, assumidamente cristão - 18% dos pesquisados acreditam que ele é muçulmano, o dobro da porcentagem registrada no ano passado.

A pesquisa refletiria a maneira menos frequente com que Obama se refere publicamente à religião em comparação com o antecessor George W. Bush, por exemplo. Mas o levantamento pode pautar uma mudança no modo como Obama expressa sua relação com a fé, avaliam analistas políticos. Para eles, a Casa Branca deve tentar aproximar a imagem do presidente de eventos religiosos cristãos.

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