Gorsuch: os ataques foram feitos pelos democratas durante a primeira audiência de Gorsuch no Comitê de Justiça do Senado (Jim Bourg/Reuters)
EFE
Publicado em 20 de março de 2017 às 16h24.
Washington - Senadores democratas atacaram nesta segunda-feira o juiz Neil Gorsuch, indicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para preencher a vaga aberta na Suprema Corte, por ter se alinhado com interesses de empresas e ter deixado de lado os cidadãos americanos.
Os ataques foram feitos pelos democratas durante a primeira audiência de Gorsuch no Comitê de Justiça do Senado, que avalia a nomeação do juiz para ocupar um cargo vitalício na Suprema Corte e substituir o conservador Antonin Scalia, morto em fevereiro de 2016.
Para mostrar a simpatia de Gorsuch com as empresas, a senadora Dianne Feinstein citou o caso do caminhoneiro Alphonse Maddiin, que em 2009 teve que parar seu veículo por uma falha nos freios.
Por causa das baixas temperaturas registradas no momento, ele decidiu desobedecer as ordens de seu supervisor e abandonou o caminhão, que não tinha calefação e não dava partida.
Maddin acabou demitido e recorreu por considerar improcedente o motivo pelo qual foi despedido, mas Gorsuch decidiu contra o caminhoneiro em agosto de 2016 como juiz da Corte de Apelações do Décimo Circuito, um tribunal abaixo da Suprema Corte.
Com base nesse caso, os senadores de oposição tentaram mostrar um padrão nas decisões tomadas por Gorsuch, que, segundo os democratas, favorece às grandes empresas do país.
Ironicamente, o que para os democratas é motivo de ataque, para os republicanos é razão de aplausos, como mostram as declarações das organizações conservadoras como a Judicial Crisis Network, que elogiou Gorsuch por mostrar "integridade" ao cumprir a lei.
Antes mesmo da audiência, os senadores republicanos já tinham expressado apoio unânime ao juiz.
"A compreensão de Gorsuch da separação de poderes, de independência judicial, faz parte de seu trabalho", disse em discurso o senador republicano Chuck Grassley, presidente do Comitê de Justiça da casa.
Nas audiências que começaram hoje, Gorsuch terá que responder perguntas sobre sua posição sobre o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e sua independência para se opor a Trump, já que a Suprema Corte terá a última palavra em alguns dos decretos que tem sido assinados pelo presidente.
Para conseguir ser confirmado no cargo, Gorsuch precisa passar pelo Comitê de Justiça e ser aprovado no plenário por 60 votos, um número que pode ser difícil de superar porque os republicanos contam com 52 cadeiras no Senado.
O apoio de alguns democratas é improvável porque os representantes do partido ainda estão irritados pela decisão dos republicanos de não considerar nomear o indicado do ex-presidente Barack Obama, Merrick Garland, para a vaga.
Os senadores republicanos ignoraram o nomeado de Obama com o argumento de que não fazia sentido aprová-lo em ano eleitoral.
Diante das dificuldades, Trump pediu ao líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnel, que recorra à chamada "opção nuclear", uma norma aprovada no passado pelos democratas para que as leis ou indicações possam ser aprovadas por maioria simples - 51 votos em vez dos 60 necessários normalmente.
Com fama de conservador, Gorsuch é um firme defensor da pena de morte, se opõe à eutanásia e ao suicídio assistido e defendeu em várias ocasiões a liberdade religiosa dos indivíduos acima das regulações do governo.
O juiz, de 49 anos, foi à audiência com boa parte de sua família e ainda fez declarações, algo que está previsto para ocorrer ao longo da tarde.