Democratas: eles vão eleger seu líder em uma reunião em Atlanta, Georgia, no sábado (Karen Bleier/AFP)
AFP
Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 16h10.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 16h57.
Os democratas americanos, que lutam para se recuperar da derrota na eleição presidencial e em meio a movimentos espontâneos anti-Trump, elegem o novo líder do partido no sábado, para retomar a iniciativa contra o presidente e os republicanos.
As apostas são altas para os democratas que se preparam para as eleições de meio de mandato em 2018 e a presidencial de 2020.
Dois são os favoritos para dirigir o Partido Democrata: Tom Perez, um americano cuja família é natural da República Dominicana, ex-secretário do Trabalho de Barack Obama, apoiado pelos caciques do partido, e Keith Ellison, um deputado negro convertido ao Islã de corrente progressista que se diz favorável a um processo de impeachment de Donald Trump.
Outro candidato, o presidente do Partido Democrata da Carolina do Sul, Jaime Harrison, jogou a toalha na quinta-feira para apoiar Tom Perez.
Os democratas vão eleger seu líder em uma reunião em Atlanta, Georgia, no sábado.
Durante um debate com outros candidatos do partido na quarta-feira à noite, Perez e Ellison expressaram opiniões semelhantes.
Eles reconheceram a necessidade de fortes propostas econômicas para os americanos da classe média e da classe trabalhadora, muitos dos quais se disseram abandonadas no ano passado pelos democratas.
Perez, de 55 anos, acredita que os democratas deveriam "voltar a sua essência" e chamar pelo telefone, de casa em casa, os potenciais eleitores nos 50 estados, se organizar para estar presente entre os assalariados americanos e dizer-lhes que o partido Democrata representa os seus valores e interesses.
"Quando tomamos a iniciativa com a nossa mensagem, que é uma mensagem de oportunidade econômica, é assim que vencemos", disse ele durante o debate organizado pela CNN.
Perez também defendeu uma reforma do sistema das primárias dentro do partido, que tem gerado uma "crise de confiança" por causa de sua falta de transparência.
No sistema atual, centenas de "super-delegados" - de simples membros, figuras do partido ou eleitos - podem votar para o democrata da sua escolha nas primárias,independentemente do voto dos eleitores de seu respectivo estado.
Ellison, de 53 anos, é o rebelde da corrida, que havia apoiado nas primárias o líder da ala esquerda do partido, Bernie Sanders.
Ele prometeu, como Perez, recuperar a reputação do partido ao defender o comércio justo, o emprego, os investimentos em infraestrutura e pensões.
"É o que fazemos", assegurou Ellison, que tem o apoio de Bernie Sanders. Trump "tem roubado a mensagem dos democratas", dizendo constantemente aos eleitores da classe média e da classe trabalhadora durante a campanha que ele era o candidato que compreendia as suas preocupações.
Trump acompanha de perto as eleições internas do Partido Democrata. Ele tuítou esta semana que a candidatura de Ellison era notável porque ele "era o único que havia previsto que eu iria ganhar!"
Além de Perez e Ellison, também surgiu Pete Buttigieg, o jovem prefeito carismático de 35 anos deSouth Bend, Indiana.
Ele recebeu o apoio do ex-candidato à presidência Martin O'Malley, do ex-presidente do DNC Steve Grossman, e do ex-governador de Vermont, Howard Dean, ele próprio um ex-presidente do DNC e candidato para presidente.
"O lobo está na fazenda e agora devora ovelhas. Precisamos nos posicionar para enfrentar a oposição real dos republicanos", disse Buttigieg durante o debate.
Os democratas devem responder às mentiras da Casa Branca com "fatos e indignação", acrescentou, mas, ao mesmo tempo "devemos voltar a falar com as pessoas sobre suas vidas cotidianas".
Os três homens prometeram permanecer neutros sobre possíveis candidatos mais à esquerda durante as eleições de meio de mandato em 2018.
Eles também descreveram um partido que luta para recuperar a energia da base.
Para Steve Grossman, Donald Trump se mostrou muito mais capaz de criar empatia com os americanos que sua adversária democrata Hillary Clinton.
"Ele fez, e ela não, é o que fez a diferença", admitiu na rádio CBS no início deste mês, chamando o futuro líder do partido a fazer o mesmo com os eleitores.