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Delta e fim de restrições preocupam britânicos com ‘Covid longa’

Enquanto o país se prepara para suspender praticamente todas as restrições mesmo com o aumento dos casos de Covid-19, cientistas temem que o número de pessoas impactadas pela chamada “Covid longa” suba muito mais

Metrô de Londres: obrigatoriedade do uso de máscaras continuará (AFP/AFP)

Metrô de Londres: obrigatoriedade do uso de máscaras continuará (AFP/AFP)

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Bloomberg

Publicado em 19 de julho de 2021 às 09h18.

Para cerca de 1 milhão de pessoas no Reino Unido, a Covid-19 é uma realidade persistente. Ainda sentem cansaço, falta de ar, distúrbios cognitivos e outros problemas de saúde.

Enquanto o país se prepara para suspender praticamente todas as restrições mesmo com o aumento dos casos de Covid-19, cientistas temem que o número de pessoas impactadas pela chamada “Covid longa” suba muito mais.

Para entender melhor o assunto, o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido anunciou no domingo cerca de 20 milhões de libras (US$ 27,5 milhões) em financiamento para 15 estudos que analisam as causas da Covid longa e seus impactos na saúde física e mental.

Com a rápida campanha de imunização, o Reino Unido vacinou totalmente 53,2% da população, segundo o rastreador de vacinas da Bloomberg, levando o governo a declarar que a relação entre casos e hospitalizações foi “enfraquecida”. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, diz que os cidadãos devem aprender a viver com o coronavírus.

Mas milhões ainda permanecem vulneráveis, e os que enfrentam sintomas há semanas, meses - ou mais de um ano - dizem que a ameaça da Covid longa não tem recebido a devida atenção do governo, porque as autoridades se concentram nos números de casos, hospitalizações e mortes.

Com a propagação da variante delta, considerada mais contagiosa, outros países que tentam administrar a próxima fase da pandemia provavelmente enfrentarão dilema semelhante.

Acamada

“Quando o governo fala sobre abertura, não há referências à Covid longa”, disse Christina Barratt, de 51 anos, ex-gerente de vendas em Manchester que teve os primeiros sintomas de Covid no final de março de 2020.

Com a priorização da vacinação de grupos vulneráveis de maior faixa etária, uma porcentagem menor de jovens britânicos foi imunizada a tempo para o fim das restrições. Isso preocupa Barratt. “Os jovens se sentem invencíveis, mas isso pode realmente acontecer com qualquer pessoa”, disse.

Barratt disse que ficou acamada por meses após contrair Covid e, às vezes, se sentia tão fraca que não conseguia nem se mexer. Às vezes, disse, tinha a sensação de estar em coma, embora estivesse acordada. Nesse período, Barratt perdeu o emprego e, desde então, enfrentou novos sintomas, como dormência, formigamento e fadiga crônica.

Para Barratt, uma das maiores dificuldades é comunicar sua situação a outras pessoas, incluindo médicos e até mesmo familiares e amigos. “A doença se torna parte de quem você é”, disse.

Embora o governo tenha defendido seu plano, o secretário de saúde, Sajid Javid, disse que os casos podem chegar a 100 mil por dia, e o diretor médico da Inglaterra, Chris Whitty, alertou que mais pessoas podem ter Covid longa, especialmente os mais jovens. Na sexta-feira, o Reino Unido não descartou retomar algumas restrições no fim do ano se os casos saírem do controle.

Um estudo do Imperial College London publicado em junho revelou que 38% das pessoas que contraíram o coronavírus relataram um ou mais sintomas que duraram pelo menos 12 semanas. Os pesquisadores estimam que, no geral, mais de 2 milhões de adultos na Inglaterra podem ter tido Covid longa.

O financiamento anunciado no domingo ajudará a explorar os diversos sintomas de Covid longa, desde o oxigênio absorvido pelos pulmões até a função cerebral e o nível de cuidado e suporte que deve ser fornecido.

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