Cidade de Donetsk, na Ucrânia: segundo Moscou, grupos radicais atacaram manifestantes ontem à noite em Donetsk (Uriel Sinai/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2014 às 13h06.
Kiev - O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia qualificou nesta sexta-feira de irresponsáveis as declarações da Chancelaria da Rússia sobre a situação em Donetsk, no leste da Ucrânia, onde uma pessoa morreu ontem à noite em confrontos entre manifestantes pró-russos e pró-ucranianos.
"Mais uma vez, pedimos a Federação da Rússia que ponha fim a escalada da tensão na Ucrânia e a desordem e voltem ao leito do direito internacional", disse à imprensa o diretor de Política Informativa do Ministério ucraniano, Yevgueni Perebeinis.
Horas antes, a Chancelaria russa assinalou em comunicado que os eventos em Donetsk, cidade natal do presidente deposto, Viktor Yanukovich, "mostram que as autoridades de Kiev não controlam a situação no país".
Segundo Moscou, "grupos radicais armados com pistolas de ar comprimido e tacos de beisebol" atacaram ontem à noite em Donetsk "manifestantes pacíficos que saíram às ruas da cidade para se expressar contra a posição destrutiva das pessoas que se definem como autoridades ucranianas".
Para Kiev, o enfrentamento em Donestk, próxima à fronteira com a Rússia, foi provocado no final dos comícios, quando a maior parte dos manifestantes já tinham deixado a praça Lênin e duas manifestações se encontraram, uma pró-russa e outra a favor da integridade territorial da Ucrânia.
Um jovem jornalista foi apunhalado e morreu e durante as desordens, enquanto outras 29 pessoas ficaram feridas.
A Procuradoria Geral da Ucrânia anunciou que estudará a possível responsabilidade das autoridades municipais de Donetsk nos enfrentamentos.
"Poderiam ter ido aos tribunais para proibir pelo menos um dos dois comícios no mesmo lugar, mas não fizeram nada", ressaltou o procurador-geral, Oleg Makhnitski.
Também adiantou que investigará a passividade das forças da ordem para impedir os choques, que deixaram dezenas de feridos.
No entanto, o chefe regional da polícia, Konstantin Pozhidaev, informou da prisão de quatro pessoas e a identificação de pelo menos outras 300, todas envolvidas nos distúrbios.
Donetsk, que entre 1924 e 1961 se chamou Stalino em homenagem ao ditador soviético Josef Stalin, é uma cidade russoparlante de quase um milhão de habitantes, metade deles ucraniana e a outra, de russos étnicos.