Christine Lagarde disse que não cometeu nenhum abuso de autoridade e manterá a tranquilidade (Getty Images / Allison Shelley)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2012 às 09h22.
Paris - A justiça francesa anunciou nesta sexta-feira que adiou para 4 de agosto a decisão sobre a abertura de uma investigação para determinar se a nova diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, cometeu um abuso de autoridade em sua gestão como ministra das Finanças.
O Tribunal de Justiça da República, que tem a competência de julgar ministros no exercício das funções, decidiu atrasar seu pronunciamento, que era esperado para esta sexta-feira, sobre a ação de Lagarde em uma ação que terminou com a indenização milionária ao empresário Bernard Tapie, e que poderia atrapalhar seu recém-iniciado mandato à frente do FMI.
Lagarde, após a tomar posse de seu novo cargo em Washington, reiterou na quarta-feira sua posição neste caso: não cometeu nenhum abuso de autoridade e manterá a tranquilidade, independentemente de um processo ser aberto no Tribunal de Justiça da República.
A origem do caso está na decisão da Procuradoria do Tribunal Supremo, que em 10 de maio pediu que fosse iniciada uma investigação contra a ex-ministra de Finanças da França.
O Ministério Público reprovou sua intervenção no litígio de Tapie pela venda da Adidas em meados dos anos 1990, e que terminou com uma indenização do Estado francês ao empresário de 210 milhões de euros.
Concretamente, o raciocínio é que Lagarde cometeu um delito ao dar em 2008 seu sinal verde a essa indenização como compensação pela venda da empresa em 1993, que foi embargada após a intervenção do banco Crédit Lyonnais, que na época era de propriedade estatal.
O empresário abriu um processo contra o Estado ao considerar que a venda tinha sido feita por um valor muito abaixo do real da Adidas, e em 2008 a Justiça obrigou o governo francês a indenizá-lo.
Lagarde criou então uma comissão para fixar a indenização em vez de recorrer à Justiça ordinária, um procedimento que a Promotoria considera injustificado e propício a Tapie.