Atentados de Paris: "Meu cliente conhecia Salah Abdeslam do bairro, mas não tinha mais contato com ele. Não teve nenhum papel nos atentados" (Francois Lenoir / Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 13h28.
Bruxelas - A defesa de Ayoub Bazarouj, o décimo detido na Bélgica acusado de estar relacionado com os atentados cometidos em Paris em 13 de novembro e que compareceu nesta terça-feira perante a câmara do Conselho de Bruxelas, rejeitou o envolvimento de seu cliente nesses ataques.
Essa instância judicial confirmou hoje o prolongamento por um mês do mandato de detenção do acusado, que foi preso em 30 de dezembro, indicou em comunicado a Procuradoria Federal belga.
O advogado de Bazarouj, Yannick De Vlaemynck, pediu nesse comparecimento que seu cliente seja posto em liberdade já que garantiu que "não teve nenhum papel nos atentados" e que não ajudou o principal suspeito dos mesmos, Salah Abdeslam, a escapar e nem manteve contato com ele, informou a agência "Belga".
Bazarouj foi detido em Bruxelas ao mesmo tempo em que a Polícia Federal efetuava uma revista em seu domicílio situado no distrito de Molenbeek.
Em 16 de novembro, três dias depois dos atentados na capital francesa que deixaram 130 mortos e mais de 300 feridos, a polícia já tinha revistado essa casa para tentar localizar Abdeslam.
Então, a Procuradoria Federal dispunha de indícios da presença ou da passagem de Abdeslam por essa casa, embora não encontrou o fugitivo.
Por outro lado, o advogado de Bazarouj garantiu que "não há provas" de que Abdeslam se hospedou nessa casa e nem que saiu dali clandestinamente durante uma mudança que era realizada nesses dias no imóvel.
"Meu cliente conhecia Salah Abdeslam do bairro, mas não tinha mais contato com ele. Não teve nenhum papel nos atentados", recalcou De Vlaemynck.
Segundo a "Belga", Bazarouj, que usa um bracelete eletrônico por uma condenação anterior, se apresentou voluntariamente em 17 de novembro perante a polícia para prestar depoimento, momento desde o qual, segundo seu advogado, foi alvo de escutas telefônicas.
"Segundo os investigadores, (Bazarouj) falou de Salah Abdeslam em uma conversa telefônica com amigos. Meu cliente sabia que era vigiado e fez referência a isso durante a conversa. Um de seus amigos perguntou se Salah se encontrava em sua casa nesse momento e trocaram várias várias brincadeiras sobre isso, sem mais", declarou o jurista.
Os investigadores também suspeitam que os acusados possam ter guardado explosivos em seu domicílio, algo que estão tentando comprovar.
O advogado admite que dois de seus irmãos e uma irmã de seu cliente se radicalizaram e partiram para Síria, e que Bazarouj treinava no mesmo clube de boxe que Ahmed Dahmani, o belga detido na Turquia acusado de ter participado dos atentados de Paris.
"Mas não é como se toda a família tivesse se radicalizado. Ayoub ainda tem parentes que vivem na Bélgica que não se radicalizarm. O fato de que treinava no mesmo clube que Dahmani não significa que o conhecesse bem ou que fosse seu amigo", concluiu.