As diferenças são muitas, mas os pontos em comum existem: jovens, muitas vezes diplomados, que sofrem para construir suas vidas (AFP / Dominique Faget)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2011 às 19h13.
Nova York - Os "indignados" europeus manifestantes do movimento "Occupy Wall Street" exprimiram em 2011 a ira crescente dos povos contra as desigualdades e o mundo financeiro, exacerbados pela crise econômica.
"Primavera Árabe, verão europeu, outono americano". O cartaz de um manifestante do Occupy Wall Street em New York resumiu recentemente a ligação entre estas indignações populares nutridas por múltiplas frustrações econômicas, políticas e sociais.
As diferenças são muitas, mas os pontos em comum existem: jovens, muitas vezes diplomados, que sofrem para construir suas vidas por causa do desemprego; Uma classe média estagnada que não se sente mais representada por seus governantes; Um mundo financeiro percebido como super poderoso e que pesa demais na política; E as desigualdades sempre maiores.
O primeiro acampamento dos "indignados" apareceu no dia 15 de maio em Madri na Praça Porta del Sol, alguns meses depois da publicação de um livro do ex-diplomata francês Stéphane Hessel "Indignez-vous", que se tornou um best-seller.
As redes sociais ajudaram, o movimento se propagou rapidamente. Acampamentos de diferentes tamanhos floresceram em Barcelona, Valença, Saragoça, Atenas, Lisboa, Paris, Bayonne, Bruxelas e Tel Aviv.
Uma manifestação reuniu 200.000 pessoas em Madri no dia 19 de junho. Todos denunciavam a crise econômica, o desemprego, a corrupção dos político e o enorme poder dos bancos.
No início de setembro, os manifestantes eram 400.000 em Tel Aviv e em outras tantas cidades de Israel.
No dia 17 de setembro, o Occupy Wall Street (OWS), que como os "indignados" não reconhecem seus governantes, instalaram-se em Wall Street, Nova York.
Entre os primeiros "ocupantes", Monica Lopez, 25 anos, uma "indignada" de Madrid que atravessou o oceano Atlântico para estar entre os primeiros campistas.
Como os indignados, o OWS se recusa a ter reivindicações precisas.
O movimento denuncia o poder financeiro, a culpa da corrupção dos mais ricos. "Nós somos os 99%, insiste o slogan (por oposição ao 1% dos mais ricos).
Também neste caso as redes sociais contribuíram muito.
Em uma América agonizante pelo desemprego e onde o poder do dinheiro sobre a política nunca foi tão grande, a mensagem ganhou espaço.
Acampamentos surgiram em dezenas de cidades americanas, manifestações, que por vezes reuniu milhares de pessoas, denunciaram o poder financeiro e as desigualdades.
A revolta atravessou a fronteira e chegou ao Canadá, o Atlântico até Londres e Frankfurt, o Pacífico até chegar a Sidney.
Indignados e ocupantes tentam mudar de estratégia para continuar com ações pontuais
No dia 15 de outubro, "indignados" e "ocupantes" se reuniram para uma jornada mundial de manifestações, que em Roma causou violentos incidentes.
Depois, a maioria dos acampamentos foram desfeitos pela polícia, tanto na Europa quanto na América do Norte.
Privados de sua vitrine, "indignados" e "ocupantes" procuraram evoluir a estratégia, continuaram com ações pontuais, denunciando a especulação imobiliária e as expulsões, exigindo mais taxas para os ricos. Os manifestantes parecem marcar o passo agora com o inverno.
Mas, recusam-se a desistir: o OWS tem a intenção de utilizar o palanque que representa a eleição presidencial americana em novembro de 2012.
Enquanto isso, a frustração continua sendo nutrida pela crise econômica e desigualdades crescentes.
No dia 5 de dezembro, a OCDE pediu que os governos agissem "sem demora para combater as desigualdades" que aumentam, inclusive em países de tradição igualitária.
"O abismo que separa os ricos dos pobres nos países da OCDE é o maior em 30 anos", acrescentou a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
As desigualdades "estão em um nível que só vimos durante a grande Depressão", respondeu o presidente americano Barack Obama no dia 6 de dezembro.
Tudo para alimentar a raiva popular em 2012.