Humberto de la Calle: "o país e os colombianos não podem seguir vivendo na incerteza" (Adalberto Roque/AFP)
EFE
Publicado em 22 de novembro de 2016 às 13h28.
Bogotá - O chefe da delegação de paz do governo colombiano, Humberto de la Calle, pediu unidade dos colombianos em torno do novo acordo de paz com as Farc, depois que não houve consenso sobre o pactuado com os líderes do "não" que venceram o referendo de 2 de outubro.
"Chegou a hora de avançar. Chegou a hora de nos unirmos ao redor deste novo acordo, deste acordo melhorado e ajustado, para implementá-lo, proteger o que foi alcançado e avançar rumo à consolidação do fim do conflito e à construção da paz", manifestou De la Calle.
Os negociadores de paz do governo se reuniram ontem à noite em Bogotá durante seis horas com os líderes do "não" liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe, e representantes de vítimas para explicar "todos os detalhes deste novo acordo", alcançado em 12 de novembro em Havana, mas nesse encontro persistiram as diferenças.
"O país e os colombianos não podem seguir vivendo na incerteza", afirmou De la Calle em uma declaração divulgada pelo governo.
Segundo lembrou o funcionário, desde que foram publicados os resultados do referendo, o presidente Juan Manuel Santos instruiu sua equipe negociadora para iniciar um diálogo com os principais promotores do "não" a fim de escutar suas inquietações e receber suas propostas para melhorar o acordo com as Farc assinado em 26 de setembro em Cartagena de Indias.
Uma vez completada essa fase, foram levadas as propostas à delegação das Farc em Havana, e assim foi alcançado o novo acordo que os líderes do "não" ainda não aceitam como definitivo porque não estão satisfeitos com tudo o que foi modificado.
"Em nenhum momento o presidente Santos e nem ninguém da equipe negociadora ofereceu aos porta-vozes do 'não' a possibilidade de revisar o acordo antes de seu fechamento", advertiu o chefe negociador.
De la Calle ressaltou a necessidade de implementar o mais rápido possível o acordo para impedir novos fatos de violência que ponham em risco todo o processo.
"Ao longo desta semana, ficou evidente a fragilidade da cessação ao fogo, com o primeiro incidente ocorrido no sul de Bolívar no qual perderam a vida dois integrantes das Farc", afirmou.
O representante citou, além disso, o assassinato de vários líderes comunitários e defensores de direitos humanos no sul do país, pelo qual concluiu que "a situação de violência se agravou".
"Isto demonstra a urgência de implementar o mais rápido possível o acordo de paz", afirmou.
Por sua vez, o partido Centro Democrático, liderado por Uribe, disse hoje em comunicado que os representantes do "não" e das vítimas insistiram perante os delegados do governo de que é necessário um "acordo nacional para introduzir remodelações ao acordo ajustado entre o governo e as Farc".
No entanto, assinalaram que o governo negou essa possibilidade ao decidir que as mudanças propostas "não são revisáveis", por isso que pediram uma reunião com os chefes das Farc aproveitando que o secretariado (comando colegiado dessa guerrilha), chegou ontem à capital colombiana para discutir a implementação do novo acordo com os negociadores oficiais.
"Temos toda a disposição de dialogar com o governo e as Farc sobre as remodelações nos temas referentes. Para este diálogo propomos aproveitar a presença em Bogotá dos líderes da Farc", afirmaram.