Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. (Anna Moneymaker/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 22h01.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, passa pelo maior desafio de sua gestão: a invasão russa. Nesta quinta-feira, ao menos 137 soldados ucranianos foram mortos e 316 ficaram feridos nesta quinta-feira (24), de acordo com dados preliminares. Em resposta, o presidente fez um discurso duro, em que defende apoio do Ocidente e afirma que o país “foi deixado sozinho” em meio ao confronto. Eleito em 2019, Zelensky, até então um comediante sem experiência na vida pública, passou a se tornar uma espécie de “alvo número um” da gestão de Putin. Tudo isso levanta questões: quem é Zelensky? E o que ele vai fazer agora?
Algumas pistas já foram dadas. A primeira é a de que o presidente não parece ceder de sua posição para a Rússia. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Zelensky afirmou que os ucranianos estavam apreensivos com a possibilidade do país apoiar uma possível adesão da Ucrânia à OTAN. Ele também confirmou que não vai deixar a capital do país, Kiev, mesmo sendo considerado "alvo número um e minha família alvo número 2" de seus inimigos russos.
⚡️"I stay in the capital with my people, my family is also in #Ukraine"
There is information that the enemy has marked me as target number 1, and my family - target number 2 - Vladimir Zelensky. pic.twitter.com/0lOI8E2owi
— NEXTA (@nexta_tv) February 24, 2022
Nascido no sudeste da Ucrânia, Zelensky é filho de pais judeus e estudou na Universidade Nacional Econômica de Kiev, onde conquistou o título de bacharel em direito. Apesar do diploma, nunca exerceu a profissão e ingressou na carreira artística ainda aos 17 anos.
Zelensky se tornou presidente quase que ao acaso. Antes de ingressar na vida pública, ele interpretou o cargo que veio a ocupar de fato na série “Servo do Povo”, satirizando temas como o ultranacionalismo ucraniano.
Em 2019, com um patrimônio de US$ 1,5 milhão, se candidatou ao cargo público com o mantra de ir contra a corrupção e de ser um candidato de fora do establishment político. A campanha foi focada principalmente nas redes sociais, em que viralizou com discursos anticorrupção. Apesar do ceticismo, a estratégia deu resultado: ele teve 73% dos votos no segundo turno, derrotando Petro Poroshenko, o então presidente em exercício.
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Uma das principais bandeiras do discurso de Zelensky era justamente fortalecer a independência da Ucrânia e mitigar conflitos em regiões separatistas – reconhecidas na última semana por Putin como independentes. Para isso, ele dissolveu o Parlamento já na posse, uma medida vista como controversa. O discurso era o de se aproximar do Ocidente, principalmente fortalecendo laços com os Estados Unidos.
No campo da política internacional, Zelensky também se envolveu em uma atividade no mínimo controversa com Donald Trump – que havia pedido ao presidente ucraniano uma espécie de “dossiê” sobre o filho do rival eleitoral, Joe Biden. Trump sofreu impeachment por causa disso à época, como relata o G1.
Nos últimos meses, Zelensky, de 44 anos, viu-se em um cabo de guerra diplomático entre a Ucrânia, Otan e Rússia. O presidente teve que chamar a atenção mundial para o que estava acontecendo em seu país, ao mesmo tempo que tentava não espalhar pânico generalizado para a população.
A tensão entre Rússia e Ucrânia culminou no ataque realizado nesta quinta-feira. A ação tomada pelo governo russo trouxe um fim considerado por muitos “inusitado” para semanas de esforços diplomáticos que não chegaram a um acordo concreto entre líderes ocidentais para evitar a invasão.
Como resultado, Zelensky pediu aos ucranianos que defendessem seu país e disse que armas seriam dadas a qualquer um que estivesse preparado para lutar.
"O que ouvimos hoje não são apenas explosões de mísseis, combates e o estrondo de aeronaves. Este é o som de uma nova Cortina de Ferro, que está fechando a Rússia do mundo civilizado", afirmou o presidente ucraniano.
Após a invasão russa, Zelensky fez um discurso duro, em que pediu aos russos para protestarem contra a invasão – dados apurados até o momento mostram que mais de 1.200 pessoas já foram detidas no país de Putin. “Se vocês nos ouvem e nos entendem, por favor, se dirijam ao presidente do seu país”, disse o presidente da Ucrânia.
O presidente também ressaltou o papel dos soldados ucranianos no combate, a fim de evitar uma nova catástrofe em Chernobil. A região foi tomada mais cedo por soldados russos. "As forças de ocupação russas estão tentando tomar Chernobil. Nossos soldados estão sacrificando suas vidas para que a tragédia de 1986 não volte a acontecer", disse Zelensky, no Twitter.
Ainda não se sabe o impacto exato que o conflito terá – ou sua duração. Por enquanto, as consequências enfrentadas pelo governo russo, do lado ocidental, são sanções emitidas pelos Estados Unidos em conjunto com aliados europeus, incluindo congelamento de bens e limitação de operações e importações, direcionados a bancos, grandes empresas e elite russa.