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Damasco diz que Brahimi está a favor de conspiração

O departamento governamental insistiu que o povo sírio é quem tem a autoridade exclusiva sobre seu futuro


	O enviado internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi: o conflito na Síria deixou pelo menos 60 mil pessoas mortas desde março de 2011.
 (©afp.com / Stan Honda)

O enviado internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi: o conflito na Síria deixou pelo menos 60 mil pessoas mortas desde março de 2011. (©afp.com / Stan Honda)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2013 às 14h06.

Cairo - O regime sírio denunciou nesta quinta-feira que o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, com suas últimas declarações está ficando do lado das partes que conspiram contra o país.

Em uma nota divulgada pela agência oficial síria "Sana", o Ministério das Relações Exteriores sírio expressou sua surpresa pela entrevista dada ontem por Brahimi à "BBC", na qual o mediador considerou "sectário" e "parcial" o discurso recente do presidente sírio, Assad.

"A fala de Brahimi sai da essência de sua missão e demonstra de forma flagrante sua inclinação à postura de partes conhecidas por sua conspiração contra a Síria e contra os interesses do povo sírio", criticou o ministério.

O departamento governamental insistiu que o povo sírio é quem tem a autoridade exclusiva sobre seu futuro, seu regime político e a eleição de seus líderes, e que a Síria nunca aceitou nem aceitará a ingerência estrangeira em seus assuntos.

O Ministério apontou que o programa proposto por Assad é "a única saída política para solucionar a crise", já que se baseia "em um diálogo integral entre todos do povo sírio para que haja um consenso sobre um pacto nacional".


Segundo o comunicado, a Síria ainda espera o sucesso da missão de Brahimi e continuará sua colaboração com o mediador, embora este considere que a situação no país está se agravando.

Neste sentido, a pasta indicou que "a continuação da violência e o terrorismo se deve ao fracasso da comunidade internacional de obrigar a alguns países a que cessem de financiar e armar aos grupos terroristas".

Em seu discurso no domingo, o primeiro desde agosto de 2012, Assad apresentou um plano de três fases para um acordo político na Síria, que foi rejeitado pela oposição e pela comunidade internacional.

O plano exige primeiro o fim da provisão de armas e apoio financeiro aos "terroristas" (como o regime sírio define os grupos armados de oposição), e só então o exército sírio suspenderia suas operações.


Uma vez realizado um mecanismo para pôr em prática o fim da violência, seria convocado um diálogo nacional para elaborar uma nova Constituição e formar um governo de consenso, que seria o encarregado de preparar as eleições parlamentares.

Quanto a isso, Brahimi disse ontem que a proposta de Assad "é uma repetição de iniciativas prévias que não funcionaram".

"As reformas concedidas de forma magnânima de cima para baixo são coisa do passado; o povo agora quer opinar sobre como é governado", opinou Brahimi, que considerou "um pouco longo" o domínio de 40 anos que a família Assad exerceu na Síria.

O conflito na Síria deixou pelo menos 60 mil pessoas mortas desde março de 2011, segundo os últimos dados da Organização das Nações Unidas. 

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