Uma decisão judicial argentina estabeleceu limites para os pedidos de acesso a informações públicas sobre a “vida privada” do presidente Javier Milei, incluindo quaisquer dados relativos a seus cães, informou a mídia local nesta quinta-feira. A decisão foi tomada em resposta a um pedido de informações públicas sobre as despesas com a manutenção dos cães, que o presidente considera parte de sua família e chama de seus “filhos de quatro patas”.

Os cães, quatro mastins ingleses que Milei clonou de um que morreu anos atrás, vivem em canis individuais na residência presidencial em Olivos, na periferia norte da capital. O porta-voz do próprio presidente, Manuel Adorni, recusou-se em várias ocasiões a responder perguntas da imprensa sobre os cães de Milei, considerando que isso “faz parte de sua privacidade”.

De acordo com o jornal Página12, após repetidas solicitações de dados sobre os animais de acordo com a Lei de Direito de Acesso à Informação Pública, a Procuradoria-Geral da República respondeu que esses dados são “de natureza privada e familiar” e “não têm relevância pública”.

“O regime de informações públicas não pode ser transformado, por meio de um exercício abusivo do direito, em um instrumento para canalizar a simples curiosidade dos cidadãos”, argumentou o órgão.

Os pedidos de informação, conforme detalhado pela organização, exigiam dados sobre o número de cães, a raça, os custos de cuidados e manutenção e a origem dos fundos usados para pagar o trabalho realizado para abrigá-los na residência presidencial.

O órgão esclareceu, porém, que as despesas com os cuidados dos cães presidenciais “não foram pagas com fundos do Tesouro Nacional”.

Tudo relacionado aos cães do presidente é uma questão delicada para a Presidência, especialmente quantos são e se o presidente realmente considera que seu primeiro cão, “Conan”, que morreu em 2017, do qual ele clonou os outros, está vivo. Em março, durante uma entrevista à rede CNN, Milei observou que sua rotina diária começa com a saudação de seus cães.

"Vou ver meus pequenos filhos de quatro patas, é minha maneira de relaxar", disse ele, acrescentando: "Eles são cinco: Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas (...) há cinco canis.

Os nomes são referências aos economistas que moldaram a visão de mundo ultralibertária do argentino: Murray Rothbard, Milton Friedman e Robert Lucas. Conan, por sua vez, não faz referência a um economista famoso, mas a "Conan, o Bárbaro", interpretado por Arnold Schwarzenegger nos cinemas.

Em resposta a um jornalista, o porta-voz Adorni disse que “se o presidente diz que há cinco cães, há cinco cães”.