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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
Rio de Janeiro - Os custos da Petrobras com a exploração de áreas não-licitadas no pré-sal da bacia de Santos, na busca de áreas que serão usadas na capitalização da empresa, farão parte do contrato entre a União e a estatal, informou uma fonte próxima à operação.
Segundo a fonte, que pediu para não ser identificada, no contrato constará também custos com eventuais problemas, como o que ocorreu na perfuração de Libra, que resultou em gastos de 30 milhões de dólares. O poço desmoronou quando a sonda atingiu a camada de sal.
A estatal e o governo analisam não apenas o campo de Franco e Libra para utilizar na capitalização, mas também áreas onde será preciso fazer unitização (blocos de diferentes controladores que se interligam), como o campo de Iara, acrescentou a fonte.
"O custo vai entrar no acordo do preço final com o governo", declarou.
A empresa anunciou na madrugada de quarta-feira a realização de uma assembleia extraordinária para definir o critério de valoração dos títulos públicos que serão utilizados na capitalização da empresa, uma operação prevista para setembro e que segundo o mercado pode atingir 85 bilhões de dólares, dependendo do preço do barril do petróleo que será utilizado.
O objetivo é melhorar o balanço da empresa, para que ela possa obter maiores financiamentos para a exploração do pré-sal e, ao mesmo tempo, não aumentar o endividamento do governo, maior acionista da empresa. Para isso, a Petrobras firmou um acordo que prevê a troca indireta de ações da estatal, intermediada por títulos públicos, por áreas de petróleo não exploradas no pré-sal da bacia de Santos, a chamada cessão onerosa.
Foram escolhidas quatro séries de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) com vencimentos em setembro de 2014, março de 2015, setembro de 2015 e setembro de 2016, que já estão no mercado e "muito líquidas", segundo a fonte.
Tanto a União, que tem 32 por cento do capital total da Petrobras, como os minoritários, poderão utilizar esses títulos para manter sua participação na empresa a um preço que será definido na época da subscrição.
A assembleia também vai ratificar a contratação da PricewaterhouseCoopers Corporate Finance & Recovery, que será responsável pelo levantamento do preço das LFTs no dia do pagamento.
"A assembleia vai aprovar o critério de precificação da subscrição", informou a fonte.
Empréstimos
Enquanto aguarda a certificadora contratada pelo governo definir o preço do barril de petróleo que será utilizado na transação, algo previsto para o final de agosto, a Petrobras prepara a documentação da oferta ao mesmo tempo em que mantém o dia a dia da companhia.
A Petrobras tem entre 12 e 13 bilhões de dólares em caixa, mas tem faturado menos do que precisa investir, explicou a fonte, o que a leva a tomar empréstimo pontuais no mercado desde 2007.
"Desde 2007 a Petrobras está pegando empréstimos em várias fontes de financiamento, como BNDES, Caixa, Itaú, Santander, agências de fomento, são transações de dia a dia para uma empresa como a Petrobras", afirmou a fonte.
A meta é cumprir o investimento de 88 bilhões de reais previsto para este ano e, até a capitalização, não serão necessários novos empréstimos pontuais.
"Com a expectativa grande de volume que tem a receber, não acredito que precise mais (empréstimos)", disse a fonte, citando como os mais recentes os feitos com a Caixa Econômica Federal, no valor de 1 bilhão de dólares, e com o banco de fomento da Inglaterra, de valor não revelado, no final do primeiro semestre.