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Curdos enviarão reforços à Síria; Turquia critica EUA

Curdistão iraquiano aprovou o envio de combatentes para lutar contra o Estado Islâmico em Kobane, enquanto a Turquia criticou ação americana na cidade síria


	Combatentes curdos: Kobane é a terceira maior cidade curda na Síria
 (AFP)

Combatentes curdos: Kobane é a terceira maior cidade curda na Síria (AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2014 às 14h00.

Erbil - O Parlamento do Curdistão iraquiano aprovou nesta quarta-feira o envio de combatentes para lutar contra os jihadistas em Kobane, enquanto o presidente turco criticou duramente Washington por ter lançado armas naquela cidade curda da Síria.

Reunidos em Erbil, os representantes eleitos da província autônoma do Curdistão "decidiram enviar forças para defender Kobane", a terceira maior cidade curda na Síria, declarou o presidente do Parlamento, Mohammed Yussef Sadek.

A aprovação segue à decisão anunciada na segunda-feira pela Turquia de permitir a passagem através de sua fronteira dos peshmergas, combatentes curdos iraquianos, para ajudar a defender Kobane dos jihadistas do Estado Islâmico (EI).

Nenhuma indicação foi dada sobre o número de peshmergas que poderia ser enviado ou sobre quando chegarão à cidade sitiada.

Estes combatentes tiveram um papel crucial na luta contra os jihadistas no norte do Iraque em junho.

Ancara, que tem boas relações com o presidente da região autônoma, Massud Barzani, concordou em permitir apenas o trânsito dos peshmergas, excluindo a passagem de curdos turcos e de outras nacionalidades.

Os curdos que defendem Kobane, membros das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), exigem há semanas um aumento do apoio externo para conter o avanço jihadistas, em maior número e melhor armados do que eles.

Na madrugada desta quarta-feira, violentos combates foram registrados entre as forças curdas e o EI, que "tenta avançar no sudeste, leste e sudoeste da cidade", segundo informou uma autoridade local, Idriss Nassen.

De acordo com Nassen, os agressores foram parados "pelas YPG, que resistem ferozmente".

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou na terça-feira que o EI estaria mobilizando reforços devido as perdas sofridas nos combates dos últimos dias em Kobane.

Decisão ruim

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou nesta quarta-feira a decisão dos Estados Unidos de lançar armas às forças curdas de Kobane.

Erdogan afirmou que as armas caíram nas mãos do EI e do Partido da União Democrática (PYD), um grupo sírio curdo que Ancara não apoia.

"Agora está claro que (a decisão) foi um erro", disse à imprensa em Ancara.

"Não compreendo o motivo de Kobane ter uma importância estratégica tão grande aos olhos dos americanos. Não há mais civis na cidade", acrescentou Erdogan.

Apesar da pressão dos Estados Unidos, o governo conservador islâmico de Ancara se recusa a intervir militarmente para ajudar os combatentes curdos sírios nesta cidade que se tornou o símbolo da resistência aos jihadistas.

Neste contexto, os aviões da coalizão intensificaram nos últimos dias os ataques no interior e nas imediações de Kobane. Seis novos ataques foram realizados nesta quarta-feira.

A violência na região provocou a fuga de mais de 300.000 pessoas e já matou cerca de 700 outras, segundo o OSDH.

Ainda na Síria, a guerra civil continua com o regime de Bashar al-Assad tentando reconquistar zonas tomadas pelos rebeldes ou pelo EI.

As autoridades anunciaram a destruição de dois dos três aviões apreendidos pelos jihadistas durante a tomada de aeroportos militares.

"Os terroristas fizeram três velhos aviões decolar, mas nossos aparelhos destruíram dois deles imediatamente. O terceiro foi escondido", explicou o ministro da Informação, Omrane al-Zohbi.

Além disso, o ministro indicou que "o Estado com suas forças militares e seus aviões proporcionaram apoio militar e logístico e armas e munições à cidade curda de Kobane" em sua luta contra o EI.

No Iraque, onde cerca de 1,8 milhão de pessoas precisou se deslocar devido à ofensiva jihadista desde o início do ano, os estudantes retornaram às escolas com um mês de atraso em várias escolas onde refugiados de todo o país encontraram refúgio.

Nas regiões ainda sob controle do governo, as autoridades "precisaram de tempo para preparar as escolas ocupadas pelos deslocados", atrasando o reinicio das aulas inicialmente previstas para 21 de setembro, segundo a porta-voz do ministério da Educação, Salama al-Hassan.

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