Ban Ki-moon (C), Dilma Rousseff e o secretário-geral da Rio 20, Sha Zukang, inauguram a conferência: "vinte anos depois, temos outra chance (...). Não a desperdiçaremos" (Evaristo Sa/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2012 às 13h15.
Rio de Janeiro - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, abriu oficialmente nesta quarta-feira a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, onde líderes globais deverão discutir durante três dias propostas para a erradicação da pobreza paralelamente à defesa do meio ambiente.
"Vinte anos depois, temos outra chance (...). Não a desperdiçaremos", pediu Ban Ki-moon.
Em torno de 191 membros da ONU e 86 líderes globais participam da conferência.
O evento ocorre 20 anos depois da Rio 92, na qual os países participantes concordaram em combater as mudanças climáticas, entre outros pontos.
"Estou satisfeito de que as negociações tenham chegado a uma conclusão satisfatória e cumprimento a Presidência do Brasil por facilitar esse resultado. Um acordo histórico está a nosso alcance", disse Ban Ki-moon.
"O mundo está nos observando para ver se as palavras se traduzem em ações, como sabemos que deve ocorrer. A Rio+20 não é um final, é um começo. É hora de que todos pensemos globalmente e a longo prazo, começando aqui no Rio, porque o tempo não está do nosso lado", completou.
"Não tenho dúvida de que estaremos à altura dos desafios que a situação global nos impõe", disse a presidente Dilma Rousseff, ao assumir a chefia da conferência.
O encontro começou com a exibição de um curta-metragem de três minutos chamado "Bem-Vindos à Antropocena", com imagens dramáticas sobre as mudanças no meio ambiente desde a Revolução Industrial.
Nesta quarta-feira, os principais bancos de desenvolvimento do planeta anunciaram, paralelamente ao evento, um pacote de 175 bilhões de dólares para apoiar o transporte sustentável em países em desenvolvimento.
"Estão aqui para salvar sua imagem ou nos salvar?", perguntou aos líderes globais Brittany Trifold, uma neozelandesa de 17 anos, que com uma mensagem aos líderes buscou alertá-los a tomar ações concretas que beneficiem a humanidade no longo prazo.
"Vocês já prometeram combater a pobreza, as mudanças climáticas. As multinacionais já prometeram compensar sua poluição. Essas promessas foram feitas e nosso futuro ainda está em perigo. Estamos cientes de que o tempo está acabando", disse a jovem, completando que os líderes mundiais têm "72 horas para decidir o destino de nossas crianças".
Cerca de 191 discursos devem ocorrer até a sexta-feira, quando os líderes encerrarão a conferência dando seu parecer sobre o documento de 53 páginas fechado pelos negociadores na terça-feira.
O rascunho propõe medidas para combater os problemas ambientais do planeta e tirar bilhões de pessoas da pobreza por meio de políticas que também preservem as fontes naturais.
Uma das questões mais polêmicas discutidas no documento são as medidas propostas para promover a economia verde e os "Objetivos do Desenvolvimento Sustentável" que devem substituir as Metas do Milênio da ONU após elas expirarem, em 2015.
Connie Hedegaard, comissária europeia para a Mudança Climática, disse que a Europa pediu um texto mais ambicioso.
"Acredito que muitos europeus, incluindo os ministros, a presidência, a comissão, brigaram por mais ambição, por mais compromissos, mais prazos", disse à AFP.
"Não conseguimos tudo o que queremos, mas buscamos progresso."
Ativistas de defesa do meio ambiente expressaram seu ceticismo em relação ao rascunho.
"Não há nada para as pessoas e o meio ambiente", disse à AFP Daniel Mittler, diretor do Greenpeace International.
Os líderes, incluindo o presidente francês, François Hollande, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e os primeiros-ministros da Índia, Manmohan Singh, e da China, Wen Jiabao, também participam da conferência.
Mas as ausências mais relevantes são do presidente americano, Barack Obama, do premiê britânico, David Cameron, e da chanceler alemã, Angela Merkel.