Mundo

Cúpula pela paz na Suíça reafirma integridade da Ucrânia, mas pede negociações com a Rússia

Nem a Rússia nem a China estiveram presentes na reunião, que terminou com uma declaração aprovada por quase 80 dos 92 países participantes

Cúpula pela paz na Ucrânia em 16 de junho de 2024, em Lucerna, Suíça (Robin Millard/AFP)

Cúpula pela paz na Ucrânia em 16 de junho de 2024, em Lucerna, Suíça (Robin Millard/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 16 de junho de 2024 às 14h16.

Dezenas de países reunidos em uma cúpula de paz na Suíça reforçaram seu apoio à independência e soberania territorial da Ucrânia, mas destacaram que Kiev deve negociar o fim da guerra com Moscou.

Nem a Rússia nem a China estiveram presentes na reunião, que terminou com uma declaração aprovada por quase 80 dos 92 países participantes.

Brasil, Índia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos não apareceram na lista de países que apoiaram a declaração final, anunciada no telão.

Mais de dois anos após a invasão russa da Ucrânia, líderes e autoridades de mais de 90 países reuniram-se em um luxuoso complexo hoteleiro em Burgenstock, Suíça, para tentar pôr fim ao maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

"Acreditamos que alcançar a paz requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes", afirma o documento consultado pela AFP.

A declaração também reafirmou "os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia", apelou à troca de prisioneiros e à volta para casa de crianças deportadas para a Rússia.

"Devemos fazer o nosso trabalho, não vamos pensar na Rússia, vamos fazer o que temos que fazer. Neste momento, a Rússia e seus líderes não estão prontos para uma paz justa. É fato", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

O presidente prometeu no sábado apresentar propostas de paz à Rússia assim que forem validadas pela comunidade internacional.

"Realidade no terreno"

A cúpula se concentrou neste domingo na segurança nuclear e alimentar e no retorno das crianças ucranianas deportadas pela Rússia.

A reunião ocorreu em um momento delicado para a Ucrânia no campo de batalha, onde as forças russas são mais numerosas e mais bem equipadas.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse na sexta-feira que negociará com a Ucrânia desde que retire suas tropas das quatro regiões que Moscou reivindica e ocupa parcialmente, e renuncie à adesão à Otan.

Kiev, Otan e Estados Unidos repudiaram as condições de Moscou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, insistiu neste domingo que não há "ultimato", mas uma "iniciativa de paz que considera a realidade no terreno".

"A atual dinâmica no front mostra claramente que a situação continua piorando para os ucranianos", disse.

O Ministério da Defesa russo reivindicou neste domingo a tomada de Zahirne, na região de Zaporizhzhia, sul da Ucrânia.

As discussões na Suíça basearam-se em pontos consensuais do plano de paz apresentado por Zelensky no final de 2022 e nas resoluções da ONU sobre a invasão russa.

Os participantes foram divididos em três grupos de trabalho neste domingo: segurança nuclear, assuntos humanitários, segurança alimentar e liberdade de navegação no Mar Negro.

Crianças, segurança alimentar e nuclear

A seção de assuntos humanitários focou em questões relacionadas aos prisioneiros de guerra, detidos civis, internados e desaparecidos. Abordou também a repatriação de crianças ucranianas, retiradas pela Rússia dos territórios parcialmente ocupados.

As conversas sobre segurança alimentar analisaram a queda da produção agrícola e das exportações, com efeito cascata em todo o mundo, já que a Ucrânia era um dos celeiros do planeta antes da guerra.

Alemanha, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, Israel, Quênia, Reino Unido, Tailândia e Turquia fizeram parte dos 30 países deste grupo.

As discussões também abordaram a destruição de terras férteis durante a guerra e os riscos contínuos representados pelas minas e artefatos não detonados. A falta de segurança do tráfego marítimo no Mar Negro também contribuiu para o aumento dos preços.

O terceiro grupo analisou a segurança das usinas nucleares ucranianas, especialmente a de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ocupada pelos russos. O objetivo era reduzir os riscos de ocorrência de um acidente.

Este grupo foi composto por Argentina, Austrália, França, Indonésia, Itália, Japão, México, Filipinas, África do Sul e Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:SuíçaRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru