Líderes de 53 países participaram na reunião de Seul (Jewel Samad/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2012 às 20h02.
Seul - A 2ª Cúpula de Segurança Nuclear alcançou alguns avanços que consolidam o compromisso internacional de proteger os materiais atômicos, em uma reunião na qual o programa nuclear da Coreia do Norte foi uma das questões mais tratadas nos bastidores.
O evento reuniu 53 líderes mundiais, entre eles os de potências com armamento nuclear como Estados Unidos, China e Rússia, que concordaram que a ameaça que materiais perigosos como urânio altamente enriquecido ou plutônio caiam nas mãos de grupos hostis é 'muito real'.
Com esta premissa, em Seul foram estabelecidos alguns acordos concretos para reduzir o uso de urânio de alto grau e reforçar a luta contra o tráfico ilícito deste tipo de material, no que os líderes consideram um 'grande passo' adiante nos esforços contra o terrorismo nuclear.
No entanto, ainda há muitos pontos nos quais trabalhar antes da próxima reunião, que acontecerá na Holanda em 2014, entre eles fazer com que o regime atual em matéria de segurança se transforme em algo universal.
Neste sentido, os participantes da Cúpula de Seul deixaram claro que todos os compromissos adotados são de cumprimento voluntário, já que a segurança neste terreno, embora fundamental, é uma responsabilidade de cada país.
Por isso, fortalecer a cultura de segurança nuclear e promover a cooperação internacional é um dos objetivos declarados dos países participantes, que também ressaltaram o papel fundamental da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Na declaração final não há nenhuma menção específica a questões de não-proliferação de armamento nuclear, já que este assunto está fora da agenda desde a primeira cúpula, realizada em Washington em 2010 a pedido de Barack Obama.
Isso não impediu que em Seul ficasse muito patente a preocupação internacional pelo programa atômico da Coreia do Norte, país com o qual a Coreia do Sul está tecnicamente em guerra desde 1953, quando o conflito entre elas terminou sem um tratado de paz.
Dez dias antes da reunião de Seul, o regime comunista de Pyongyang anunciou sua intenção de lançar um satélite em um foguete de longo alcance em abril, coincidindo com as celebrações pelo centenário do nascimento do fundador do país, Kim Il-sung.
Embora a Coreia do Norte sustente que tem fins científicos, o lançamento está sendo considerado um teste encoberto para desenvolver mísseis de longo alcance com capacidade nuclear.
Já antes que começasse a cúpula, Pyongyang, com sua habitual retórica bélica, advertiu que qualquer menção a seu programa nuclear no comunicado final de Seul seria visto como 'uma declaração de guerra'.
Neste contexto de tensão, a questão norte-coreana foi protagonista de numerosas reuniões bilaterais, entre elas as que mantiveram os líderes de China, EUA, Rússia, Japão e Coreia do Sul, os membros, junto com a Coreia do Norte, do estagnado diálogo de seis lados para a desnuclearização desse país.
Japão, Coreia do Sul e EUA condenaram com os termos mais enérgicos a atitude norte-coreana, e até mesmo a Rússia, normalmente morna em suas declarações ao país comunista, e a China, principal aliado de Pyongyang, expressaram sua inquietação por esta questão.
Porém, isso não parece ter freado os controversos planos da Coreia do Norte, país governado agora pelo jovem e aparentemente inexperiente Kim Jong-un, o filho mais novo e sucessor do falecido Kim Jong-il.
Em comunicado divulgado pela agência estatal norte-coreana 'KCNA', o regime norte-coreano assegurou hoje que não tem intenção de desistir do lançamento do satélite.