Alicia Kirchner (D), ministra de Desenvolvimento Social da Argentina e cunhada da presidente Cristina Kirchner (Not stated/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2015 às 16h46.
Buenos Aires - Alicia Kirchner, ministra de Desenvolvimento Social da Argentina e cunhada da presidente Cristina Kirchner, foi denunciada nesta quarta-feira por descumprimento dos deveres de funcionário público pelo suposto corte no orçamento de um programa para combater a fome.
Hernán Reyes, pré-candidato a deputado nacional pela opositora Coalizão Cívica Ari (CC Ari), denunciou Alicia pela gestão do Programa Nacional de Nutrição e Alimentação, que supostamente sofreu uma redução de 574 milhões de pesos (cerca de R$ 200 milhões).
"A lei estabelece claramente que o orçamento é intangível, devido à importância que tem a luta contra a fome", alegou Reyes na apresentação penal, divulgada hoje aos meios de comunicação.
O denunciante destacou os erros detectados pela Auditoria Geral da Nação na gestão do plano estatal, ao afirmar que "não há - por parte do Ministério de Desenvolvimento Social - um planejamento formal das ações a realizar" para garantir a chegada de alimentos aos setores mais vulneráveis.
Através de sua conta no Twitter, Reyes acusou o Executivo presidido por Cristina Kirchner, cunhada da ministra denunciada, de "mentir" nos dados oficiais sobre pobreza, que estão desatualizados desde o primeiro semestre de 2013.
"No país real segue havendo fome e desnutrição", lamentou o pré-candidato da CC Ari. "Não só escondem os pobres, mas também tiram os fundos dos programas de alimentação", acrescentou.
O Programa Nacional de Nutrição e Alimentação foi criado em 2003 sob a presidência de Néstor Kirchner a fim de "financiar ações para garantir a segurança alimentar de pessoas em situação de vulnerabilidade social e a assegurar o acesso a uma alimentação adequada e suficiente".
Segundo o Barômetro da Dívida Social elaborado pela Universidad Católica Argentina, a taxa de pobreza na Argentina cresceu em 2014 até atingir 28,7% dos habitantes, 1,3 ponto percentual acima do índice registrado em 2013.
Por sua vez, os últimos dados oficiais, que remontam à primeira metade de 2013, apontam que a pobreza atinge 4,7% da população argentina.