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Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 15h40.
Havana - Passada uma semana após o devastador impacto de Sandy por Cuba, as regiões do leste da ilha ainda tentam se recuperar, sem que o governo ainda tenha oferecido uma estimativa global dos danos econômicos causados pelo fenômeno climático.
"Foi um golpe realmente duro; foi um ciclone forte que se desenvolveu rapidamente. A realidade é mais grave que tudo o que as fotos da imprensa e as imagens de televisão mostram: Santiago comove, parece uma cidade bombardeada": assim descreveu a situação o presidente Raúl Castro, que está, desde o domingo, percorrendo as áreas mais afetadas.
Sandy castigou com força, durante cinco horas da madrugada do dia 25 de outubro, a parte leste da maior das Antilhas, onde deixou 11 mortos e uma paisagem de devastação, especialmente em Santiago de Cuba, a cerca de 950 quilômetros a sudeste de Havana.
Ainda se desconhece o número global das perdas causadas pelo furacão e seu efeito na economia cubana, e até o momento o governo e a imprensa oficial só anteciparam números pontuais relativos a cidades ou setores econômicos concretos.
Um dos dados preliminares é de que as perdas superam os US$ 88 milhões no caso de Santiago de Cuba, a segunda província mais povoada da ilha, onde o ciclone provocou mais de 46 mil desabamentos totais ou parciais de residências.
No setor das telecomunicações, foram interrompidos 30 mil serviços básicos, assim como oito bases de telefonia celular e duas torres da empresa Radiocuba.
Segundo representantes da empresa Etecsa, 40 mil serviços telefônicos ficaram danificados devido a problemas em mais de 2.400 postes.
Na região se trabalha para o restabelecimento da energia, e o próprio Raúl Castro afirmou que não sairá de Santiago de Cuba até que a cidade tenha eletricidade.
A violência do ciclone deixou, além disso, grandes perdas em cultivos e colheitas sensíveis para o país, como café, mandioca, hortaliças e frutas.
Nos últimos dias, as autoridades cubanas enviaram ao leste do país mais de 2 mil toneladas de alimentos para a população, como carnes enlatadas, farinha, milho, biscoitos, compotas e leite em pó.
Também foi anunciado o envio de 2.110 toneladas de cimento, 750 postes de energia e 700 postes de comunicações, entre outros materiais e equipamentos.
Um dos principais problemas neste momento é a reparação das casas destruídas por Sandy e, neste sentido, Raúl Castro declarou que quem tiver dinheiro suficiente deve comprar os materiais, e quem não tiver, receberá crédito ou doação do governo.
Vários países aliados de Cuba manifestaram apoio à ilha, como a Venezuela, que nesta semana enviou um avião de sua força aérea com uma carga de 14 toneladas de ajuda humanitária que contém alimentos como leite, açúcar, arroz, pastas, atum, sardinhas, lentilhas, óleo e feijão.
A Rússia anunciou a chegada à ilha de três aviões com especialistas em resgate e ajuda humanitária, e a Bolívia prometeu 120 toneladas de água e alimentos para os desabrigados.
Os dissidentes internos pediram ao governo de Cuba que aceite a ajuda humanitária do exterior e o apoio de órgãos internacionais como a Cruz Vermelha e a Organização Mundial da Saúde, para prevenir surtos de cólera, dengue ou outras doenças.
A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), de oposição, pediu que o governo facilite por um ano a entrada, isenta de impostos, de remédios, alimentos e outros recursos enviados por pessoas físicas, governos e ONGs.
Além de Santiago, Sandy afetou outras províncias do leste de Cuba como Holguín, onde 64 mil residências foram danificadas, Granma, Guantánamo, Las Tunas e Camagüey.
O furacão, depois reduzido à categoria de tempestade pós-tropical, já deixou mais de 100 mortos tanto no Caribe - onde afetou Jamaica, Cuba, Haiti e Bahamas - como nos Estados Unidos.
O governo de Raúl Castro enviou ontem mensagens de condolências às autoridades destes países pelas vítimas e danos causados por Sandy.