Cuba é consciente das "profundas diferenças" que existem com os EUA sobre os sistemas políticos, a democracia, os direitos humanos e o direito internacional, mas deseja se relacionar civilizadamente com os americanos (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2015 às 13h39.
Havana - Cuba propôs que a primeira reunião com os Estados Unidos sobre direitos humanos aconteça no próximo dia 31, terça-feira, em Washington, anunciou nesta quinta-feira em entrevista coletiva o subdiretor de Assuntos Multilaterais e Direito Internacional da Chancelaria cubana, Pedro Luis Pedroso.
"Cuba espera que o diálogo se desenvolva em um entorno construtivo, sobre bases recíprocas, sem condicionamentos nem tratamento discriminatório e em pleno respeito à igualdade soberana, à independência e a não ingerência nos assuntos internos das partes", Pedroso.
Pedroso lembrou que Cuba já propôs em julho de 2014 essa reunião com os Estados Unidos e que reiterou essa proposta durante as primeiras conversas oficiais sobre o restabelecimento de relações diplomáticas que aconteceram no final do janeiro em Havana.
"Estas conversas sobre temas de direitos humanos são uma amostra da disposição de Cuba em abordar com os Estados Unidos qualquer tema, apesar de nossas diferenças, sobre bases de igualdade e de reciprocidade", assinalou o subdiretor.
Na reunião com os EUA sobre direitos humanos, Cuba exporá "suas conquistas na promoção e proteção de todos os direitos humanos" não só na ilha, mas em outros países onde a cooperação cubana está presente, com especial incidência em aspectos como o acesso a saúde, a educação e a serviços culturais gratuitos, universais e de qualidade.
"Ao mesmo tempo abordaremos as preocupações que temos sobre a situação dos direitos humanos nos Estados Unidos e em outros lugares nos quais esse país tem influência direta", acrescentou.
Ele também assinalou que Cuba é consciente das "profundas diferenças" que existem com os EUA sobre os sistemas políticos, a democracia, os direitos humanos e o direito internacional, mas destacou que a ilha tem a "inabalável vontade de que os países possam se relacionar civilizadamente dentro do reconhecimento e respeito a estas diferenças".
Após reconhecer que Cuba tem "importantes metas ainda para alcançar, como todos os países" na esfera dos direitos humanos, lembrou que a ilha defende que "há diferentes modelos políticos e de democracia".
"Cuba não admite, e isto não é novo, que haja um só modelo de democracia, portanto vamos com uma percepção diferente sobre esses temas", manifestou Pedroso.