Processo de liberação foi mediado pela Igreja Católica e teve o apoio da Espanha (Arquivo/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2011 às 20h52.
Havana - Os opositores Félix Navarro e José Daniel Ferrer, os dois últimos presos do Grupo dos 75 que permaneciam detidos em Cuba, foram libertados nesta quarta-feira e transferidos a suas casas, segundo confirmou à Agência Efe o próprio Ferrer e fontes da família de Navarro.
Com essas libertações termina o processo de libertação de presos políticos do grupo dos 75 - condenados na onda repressiva da "Primavera Negra" de 2003 - que o Governo de Raúl Castro iniciou em julho passado com a mediação da Igreja Católica e o apoio da Espanha.
As duas libertações ocorreram na manhã desta quarta-feira, após terem sido anunciadas na terça-feira em uma nota pelo Arcebispado de Havana.
"A chegada foi muito emocionante, a família toda me esperava e agora vou dedicar meus primeiros dias a ela, antes de retomar a luta", disse à Efe Ferrer, de 40 anos, de sua casa na província oriental de Santiago de Cuba.
O dissidente, que é integrante do opositor Movimento Cristão de Libertação e foi condenado a 25 anos em 2003, disse em conversa pelo telefone que espera continuar seu trabalho para essa organização dentro da oposição pacífica.
"Cuba necessita de nós unidos e devemos continuar lutando por seu bem-estar", disse.
Segundo ele, o Governo cubano se viu obrigado a libertar todos os membros do Grupo dos 75, mas isso não significou mudanças políticas na ilha.
"As prisões de Cuba estão cheias e há todo tipo de criminoso, mas também muitas vítimas do regime e da falta de liberdade do sistema", ressaltou.
Por sua vez, Sayly Navarro, filha do opositor Félix Navarro, disse à Efe que seu pai foi libertado e levado até sua casa na província ocidental de Matanzas, onde foi recebido por vários de seus familiares.
Navarro, de 56 anos, era membro da direção do opositor Movimento pela Democracia e Liberdade em Cuba quando foi condenado em 2003 a 25 anos de prisão.
Sua libertação e a de Ferrer ocorreram sob a condição de "licença extra penal", a mesma aplicada pelas autoridades cubanas a todos os dissidentes do Grupo dos 75 que se negaram a viajar à Espanha como condição para deixar a prisão.
No total, 40 dos 52 dissidentes desse grupo que continuavam presos quando teve início o processo em julho passado aceitaram o exílio na Espanha, enquanto 12 quiseram permanecer na ilha.