Crise energética em Cuba se agrava, com apagões que chegam a 20 horas diárias em algumas regiões da ilha ( YAMIL LAGE/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 10 de março de 2025 às 12h34.
Cuba sofrerá apagões ao longo de toda esta segunda-feira, 10, com cortes de energia que podem afetar até 47% do país simultaneamente, segundo a estatal União Elétrica (UNE).
A crise energética, agravada nos últimos meses, já causou três apagões nacionais e deixa algumas regiões sem luz por mais de 20 horas diárias. Na capital, Havana, os cortes variam entre 4 e 6 horas por dia.
A capacidade máxima de geração prevista para o horário de pico – no fim da tarde e à noite – é de 1.760 megawatts (MW), enquanto a demanda esperada é de 3.200 MW. Isso resultará em um déficit de 1.440 MW, obrigando a UNE a cortar 1.510 MW para evitar um apagão desordenado.
Atualmente, 8 das 20 unidades termoelétricas de Cuba estão paradas devido a avarias ou manutenção. Além disso, 56 centrais de geração distribuída e uma plataforma flutuante estão inoperantes por falta de combustível.
Segundo especialistas, a crise energética decorre de infrafinanciamento crônico no setor, que é controlado pelo Estado cubano desde a revolução de 1959. O governo culpa as sanções dos Estados Unidos, mas analistas apontam a obsolescência das centrais termoelétricas e a falta de investimentos como as principais causas do problema.
O país também enfrenta dificuldades para importar fueloil e diesel, essenciais para manter a geração de energia.
Para reverter o colapso do Sistema Elétrico Nacional, seriam necessários entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões em investimentos, um valor que está fora do alcance do governo cubano.
A falta de energia afeta diretamente a economia do país, que encolheu 1,9% em 2023 e ficou estagnada no ano passado. O PIB de Cuba ainda está abaixo dos níveis de 2019, e a previsão oficial para 2025 é um crescimento modesto de 1%.
Além do impacto econômico, os apagões têm gerado forte insatisfação social, resultando em protestos frequentes. Manifestações de grande porte ocorreram em julho de 2021, no verão de 2022 e, mais recentemente, em março de 2024, quando milhares de cubanos saíram às ruas em Santiago de Cuba e outras cidades.
Sem perspectivas de solução no curto prazo, a crise energética segue como um dos maiores desafios do governo cubano.